9.12.09

feminino

falar do feminino não é fácil e nem pode ser resumido. são muitas entranhas, muitas dobras, muitas superposições de funções e formas e algumas flores. são muitos acúmulos e alguns transbordos! muitas curvas, muitas dores, cores e amores...
o que me inspirou, na verdade, além do momento que estou atravessando, como sempre, é claro, foi a frase que carrego junto aos meus e-mails. ela fala do caminho do "guerreiro". eu estava pensando em como é difícil ser guerreiro. guerreira, na verdade! o trecho que me prendeu a atenção diz assim: " o desafio da condição de guerreiro consiste em sair do casulo ... sendo ao mesmo tempo valente e sensível. " eita, eita, eita. tudo bem que quem escreveu a frase não era mulher, mas me parece que conseguiu descrever muito bem essa condição... ser mulher é achar o ponto de equilíbrio entre ser valente e sensível... isso é ser qualquer coisa, mas ser mulher fun-da-men-tal-mente...
há tempos atrás a mulher iniciou um duelo por um novo lugar na sociedade e posso constatar que conseguiu. vitória às mulheres! só não estou tão certa assim de que seja algo que possamos comemorar. orgulharmos muito menos...
que lugar é esse que ocupamos agora? qual é o papel da mulher moderna [renovada]? será que brigamos por oficializar uma batalha contínua e diária que se não nos impede por completo, dificulta o máximo possível, vivenciarmos a fada bela e formosa que habita naturalmente as profundezas de qualquer feminino? ou será que essa fada sucumbiiu a tanto frenezi, função e corre-corre?? é filho, é pai, trabalho, marido, trabalho de novo. nas horas vagas a gente aproveita pra ser mãe, namorada, esposa, amiga, irmã. de brincadeira ainda tem a casa, o carro, a geladeira, o chuveiro, a chave.
às vezes tenho a sensação que se passam dias e dias e eu não tenho a oportunidade de simplesmente ser mulher. e ainda tem os dias dos hormônios - desses, qualquer marido sabe falar melhor do que eu! os dias dos hormônios merecem um parágrafo a parte...
nessa confusão toda passa o dia, passa o mês, passa a vida e a vida passa...
será que ainda poderei ema algum momento ser mulher, apenas?

Aconselhamento ayurvédico e mudança comportamental

Identificar emoções, pensamentos e comportamentos.

Organizar crenças reconhecendo sua essência.
Transformar sua vida através do entendimento de sua própria vivência e de seus relacionamentos, reposiocionando-se em diversas situações que dispertam emoções aflitivas como: discriminações, ansiedade, estresse, agressividade, medo, raiva...
Entrar em contato com seu Ser interior.
Alinhar a sua existência à sua natureza. Bem Viver.
Resgatar a sua energia vital, sua saúde e o encanto pela vida!
...
Precisamos entender nossa natureza e a do outro para termos felicidade, bem-estar e relações harmoniosas. Sem isso nossa saúde enfraquece e adoecemos.
Entender os mecanismos que acionam o nosso sistema de defesa e nos bloqueiam de ir adiante com cofiança em nossa sabedoria interna e nos deixam fragmentados e enfraquecidos é a chave principal para acionar toda a mudança de comportamento.

Shirodhara

A principal terapia anti-stress

Shiro significa cabeça e Dhara fluxo de óleo.
É um procedimento de grande efeito terapêutico, sendo marma terapia, ajuda a tratar todos os problemas de ordem mental, memória e concentração. Seu estimulo leva as ondas cerebrais a um estagio profundo, estimulando a glândula pineal a produzir melatonina (neurohormônio do sono) podendo inclusive substituir a meditação como formula terapêutica, além de ser uma terapia rejuvenescedora, relaxando a musculatura da face.
Indicações: Desordens na mente, Depressão, problemas neurológicos como ação preventiva, fadiga física e mental, previne a atrofia cerebral, prisão de ventre, ansiedade, trata problemas do couro cabeludo, alopercia, dermatite seborreica, psoríase, glaucoma, doenças degenerativas da macula, problemas auditivos, síndrome do pânico, insônia, vertigem, zumbido do ouvido, recuperação da memória cognitiva, etc.
Contra-indicações: Não fazer em caso de febre, sinusite, gripes fortes, pressão alta, apnéia. Em caso de AMA (bio-toxina) não praticar nenhuma terapia de snehana(oleação).
Consiste em um fluxo contínuo de um mistura a base de óleos medicinais, leite e ervas, é vertido sobre a testa de 30 a 60 minutos. De acordo com a necessidade de cada paciente. [massagem].

18.11.09

como sair do casulo?

infelizmente o nosso movimento de sair do casulo não é natural como o da borboleta, muito pelo contrário. o nosso movimento natural é permanecer nele. sair é que demanda grande esforço!
mas, permanecer no casulo, por outro lado, pode ser um ato de covardia e de passividade tão grande a ponto de tornar-se responsável pelo comprometimento da sua jornada e da sua existência.
a questão portanto não deve ser sair do casulo, isso deve ser o objetivo de todos nós, mas sim como sair dele e descobrir a imensidão de possibilidades, da maneira mais confortável possível, aqui do lado de fora.

16.10.09

no horizonte

em alguns momentos na vida você tem a certeza que chegaram as bifucarções do caminho. são momentos nos quais você sabe que os próximos passos podem ter o poder de mudar para direções diametralmente opostas o rumo que a sua trilha toma.
agora, apesar de geminiana expressa e convicta, mais do que nunca a impulsividade não pode ter lugar, mais do que nunca a paixão não deve tomar a frente das situações, o coração, como nunca ocorrido antes, merece assumir o seu papel como cocheiro da carruagem sagrada. a introspecção se faz necessária para a definição do passo a seguir.
a orquestra suprema se instala em você. você por inteiro vibra a tentativa quase que deseperada de se realinhar ao seu caminho original: seu corpo adoece fazendo com que arrume o tempo necessário para a verdadeira investigação, já que se não fosse assim não se permitiria essa pausa, e possa, enfim, concentrar-se nos profundos sentimentos; a mente fervilha com a enxurrada de pensamentos que apontam um milhão e meio de novas possibilidades e ainda assim, a introspecção se faz necessária; o seu coração, que anseia por colocar em prática as suas notas divinas acelera em seu pulsar, trazendo-lhe a sensação de ansiedade que comprime e sufoca o seu peito - e nem o conhecimento e as práticas de pranayamas conseguem restabelecer o ritmo normal...
nessa mal orquestrada valsa as decisões que precisam ser tomadas não sairão da enxurrada de pensamentos e sim da conexão que conseguirá fazer como seu interior através do retiro para meditação. tirar do exterior o foco da mente e voltá-lo para dentro de si mesmo, unificando a mente racional e a mente emocional, para que a plenitude do ser possa se manifestar.
resta-me o retiro e a meditação. o colo da mãe divina e a paciência dos que me acolhem. que os devas e os gurus posaam conduzir-me aos caminhos de luz, plenitude e paz. e a todos nós!
om sri mahah ganapataye namah!!
---
matapita tuma mere
sharana gahumi kisaki
swami, sharana gahumi kisaki
tuma bina aura na duja
asa karumi kisaki
om jaya jagadisha hare...
... dina bandhu dukha harata
tuma rakashaka mere
swami, tuma rakashaka mere
apane hatha badhao
dvara pada tere
om jaya jagadisha hare
---
deixemos a felicidade e a riqueza chegar a nossos lares. a mente se liberta dos sofrimentos. tu és mãe e pai para mim. tu és o único que pode me proteger...
... tu és o que não se vê, mas apesar disso, senhor de tudo. eu sou o de mente confusa e impura. como posso sintonizar-me contigo agora?

13.10.09

reconectando


sabe quando você fica otimista demais e daí, sem que perceba acaba baixando a vigília? acabou de acontecer... é por isso que um dos grandes mestres pregava tanto o orai e vigiai...
desculpem-me a ausência e não sumam também. voltem!!! preciso dessa corrente para florescer sempre. novamente e novamente!! aliás, aproveito a oportunidade para agradecer aos acessos - já passaram de mil!!! - e aos comentários gostosos que venho recebendo... e também aos comentários feitos pessoalmente! tanka! do fundo do meu adoçado coração.
andei um tempin mei desssconectada. de mim mesma e da internet também. [aqui em casa, problemaxxx com o veeeloquizzz queriiiido - abro aquele sorrisinho a-ma-re-lo!]. mas, a desconexão chega. chega sorrateira. você, que deu uma breve relaxadinha, acaba sendo pega desprevinida e cede ao contra-fluxo. o mau-humor se instala por mais de um dia e aí, meus queridos, você, neste momento, acaba entrando no terrível turbilhão!!!
uma vez no turbilhão, enfraquecida e confusa, entrega-se - quando devia resistir - e gira, gira, gira e cada vez mais fica ainda mais tonta! esse é um processo envolvente, mas não num bom sentido. conseguir parar a loucura toda e olhar o turbilhão de frente é a única forma de sair dele. ora bolas, turbilhões acontecem e vão acontecer o tempo todo, é inevitável! aliás, dira até, que o propósito da própria existência é, de certa forma, aprender a entrar e principalmente aprender a sair da meleca do turbilhão. e vez após outra mais depressa e vez após outra mais fortalecido e mais íntegro!
quando eu era mais nova, em saquarema, onde passei minha infância e minha adolescência, muitas vezes eu entrava no mar agitado e mergulhava para o fundo, bem para o fundo. deitava na areia, prendendo o fôlego o mais que podia, porque adorava ficar vendo ali debaixo a dança suave que a areia fazia no fundo do mar quando as ondas passavam rápidas e ferozes, quebrando na superfície... hoje essa lembrança me ensina como devo lidar com o turbilhão: ele até pode passar rápido e feroz na superfície, mas lá no fundo, onde o meu ser floresce, tudo deve permanecer no ritmo da dança harmônica e calma da minha verdadeira natureza. vendo dessa forma chega a ser engraçado a gente se permitir descabelar porque vão instalar um relógio de ponto no trabalho! ou porque você percebe que precisa fazer uma faculdade inteira de linguagem corporal... ou porqueeee suas amigas viajaram e você atravessou o período de tpm sem poder falar com elas sobre os surtos que pipocam na sua cabecinha doidivanas durante esse período enlouquecedor... beleza! engraçado até pode ser, mas que o turbilhão te pega, ah! isso ele pega mesmo!!! daí, que ó, ois abertos, sempre! a qualquer sinalzinho breve de mau-humor ou irritação dá uma conferida no que está rolando. enquadra a situação de frente e não deixa o turbilhão te pegar. no mais, curte a vida e dance, dance muito! e lembre-se de celebrar até os momentos de baixa, pois certamente é nestes momentos que você mais cresce. [no meu som, só pra dar um gostinho, rolando tara, de chinmaya dunster. di-vi-no! e espanta qualquer vudú] beijossss
ah! uma dica: lugar [e pessoas] pra espantar vudú... dêem uma olhada se seus corações apontarem essa direção: http://www.terrauna.org.br/

21.9.09

musica para os olhos

las miradas de tus ojos son tan sutiles que penetran en el alma de quien los mire.y como soles irresistibles son tus desdeños que no puede uno mirarse, mirarse en ellos. que no puede uno mirarse, mirarse en ellos.
las miradas de tus ojos son tan sutiles que penetran en el alma de quien los mire y como soles irresistibles son tus desdeños que no puede uno mirarse, mirarse en ellos. que no puede uno mirarse, mirarse en ellos.
y como sabes que tu mirada tiene le hechizo mira com imprudencia y maleficio. no me mires a los ojos porque no quiero que tu mirar penetrante me deje ciega. que tu mirar penetrante me deje ciega.
las miradas de tus ojos son tan sutiles que penetran en el alma de quien los mire. y como soles irresistibles son tus desdeños que no puede uno mirarse, mirarse en ellos. que no puede uno mirarse, mirarse en ellos.
y como sabes que tu mirada tiene le hechizo mira com imprudencia y maleficio. no me mires a los ojos porque no quieroque tu mirar penetrante me deje ciega. que tu mirar penetrante me deje ciega. que tu mirar penetrante me deje ciega. que tu mirar penetrante me deje ciega.

ojos malignos - marina de la riva

sempre celebrar

tem pouco tempo eu estava num ônibus, já tarde da noite e cedo da madrugada e sozinha... nunca faço isso. e estava indo pra um lugar que também nunca vou, pensando em como a vida tem sido boa, em como as coisas têm dado certo e celebrando solitária as minhas conquistas e a bonança no meio do turbilhão. em momentos assim, acredito, fielmente, que viramos luz e que emitimos essa luz pro lado de fora.
um sorriso que vinha da minha alma estampava-se no meu rosto, ali, naquele momento. e eu, olhava o meu reflexo no vidro do ônibus - que virara um espelho com o negro da noite do lado de fora. cada vez que eu olhava o meu sorriso no vidro do ônibus, mais me vinha um sorrir da alma e eu mesma me encantava com o encanto que aquele momento trazia.
eu estava num daqueles bancos altos e apesar da hora avançada eu não me preocupava nem um pouco com o percurso do ônibus e nem com quem subia nele [o que era até uma irresponsabilidade, em se tratando de rio de janeiro!]. até que entrou um homem. não era um homem qualquer, era um homem bonito, daqueles que você nota quando adentra o recinto... e ele logo me viu. e eu sorrindo estava e sorrindo permaneci. ele respondeu com um sorriso lindo. e aí, então, fiquei meio sem jeito e desviei meu olhar e meu sorriso.
ele entrou e sentou uns três bancos a minha frente. daí relaxei de novo. até que ele se virou pra trás, sorrindo gostoso e me encarou. eu me mexi no banco, sentei mais reta e menos relaxada e parei de sorrir, meio encabulada. ele voirou pra frente novamente. e novamente virou pra trás e novamente sorriu e me olhou e virou pra frente. e de novo virou pra trás. e mais uma vez. eu, já estava achando que era alguém conhecido no final do ônibus e me virei pra olhar, mas não tinha ninguém.
eu estava ficando muito sem jeito. eu tava com uma flor no cabelo e me peguei tirando a flor, como quem estivesse parando de celebrar. ele parecia uma pessoa de bem, mas eu sozinha, e tarde da noite começa a me intrigar... virei-me pra janela e resolvi não mais o olhar.
ele levantou do banco e veio na minha direção. meu coração acelerou levemente. eu não o olhava mais. ele passou direto e parou perto da porta traseira. e ficou por um tempo. relaxei de novo. e quando relaxei ele colocou a mão no meu ombro. eu me virei sem pensar. ele disse:
"desculpa te incomodar, não se preocupa, não quero te importunar, mas não posso sair daqui sem te falar que foi maravilhoso entrar nesse ônibus e ver um sorriso tão lindo a essa hora. um rosto tão leve com um sorriso tão lindo como o seu. eu vou descer agora e provavelmente não vou te ver nunca mais, mas o seu sorriso vai comigo e não vou mais deixar ele ir embora."
tive certeza que não celebrava sozinha...

15.9.09

monólogo para + de um

faz pouco tempo levei um baita dum tropeção! mas levantei lindamente e percebi... não, percebi não, experienciei que existe muito mais além de palavras entre o que se fala e o que o outro escuta. não são apenas as palavras que são escutadas, mas sim, talvez, estas mesmas palavras somadas a uma bagagem experimental e pessoalíssima que fazem com que elas [as palavras] possam ser interpretadas de diversas e diversas formas!! uuutaqueoparéo! se o que eu digo não é o que eu digo, daí, então, melhor não dizer nada, né? eu já ando numa nóia ferrada, tentando perceber se o que eu digo é realmente o que eu faço e o que eu sinto. lembro da expressão usada pelos índios de "fazer andar as nossas palavras". ou seja, de fazer com que nossas palavras possam ganhar vida no dia-a-dia... é lindo!
pensa aqui comigo: se tem ainda uma questão pessoal no escutar, seria então melhor não dizer mais nada. ao menos não dizer mais nada para alguém. melhor seria dizer tudo por aqui: lê quem quer e talvez, também, não entenda bem o que estou querendo dizer... daí eu sinto que voltei pro começo de tudo... e que repito um pensamento viciado: e-u-fa-lo-gre-go!!
mas não, eu não quero! eu não quero mais repetir velhos padrões de pensamento que levam a velhas atitudes que não me levam aonde eu quero chegar! então eu mudo o repertório. quero dialogar. e digo até que preciso dialogar. sou híper comunicativa, mas às vezes sinto precisar resgatar a minha sensibilidade perceptiva e interagir com o mundo usando todas as minhas sensações. sem falar nas outras funções psicológicas...
quero poder me expressar para que me entendam de verdade e de verdade possa falar com a voz do meu coração. para isso, me fecho um cadinho. me volto pra dentro da concha e consulto o meu sagrado interior. não quero ser preciptada e nem deixar margem pra duplas interpretações, mas não é a terefa mais fácil entender o que você mesma pode repassar para o lado de fora sem estar indo de encontro a sua própria natureza. ser transparente a ponto de alguém poder ler a sua essência requer que você já tenha tido a oportunidade de fazer isso antes. quero entender o diálogo também do corpo e do resto. [quero saber das lacunas que se interpõem a momentos de envolvimento. quero identificar a essência do abraço que não quer me soltar quando o dia amanhece.]
como estabelecer um diálogo onde possamos nos comunicar sob a mesma linguagem, sem ruídos que dificultam a sua compreensão? como traduzir emoções complexas em uma forma de expressão clara e consisa e permear o profundo com a clareza da luz do entendimento verdadeiro? como experimentar diálogos ao invés de monólogos?
o mundo precisa que reaprendamos a dialogar... urgentemente. e eu, talvez, precise ainda mais...

10.9.09

a percepção e o mundo

a percepção é a maneira pela qual tornamos conscientes pessoas, objetos, fatos e situações.
olhem atentamente para a imagem acima. no mundo dos arquitetos ela é bem famosa... é de escher: um artista gráfico, que era também matemático, fotógrafo e arquiteto. mas o enredo agora não é escher, mas sim a maneira como tornamos conscinetes a sua gravura. se focamos no primeiro nível percebemos a cascata na horizontal. se focamos na queda d'água então percebemos que não há horizontalidade... então, percebermos a gravura desta ou daquela forma depende do foco ao qual nos atemos.
se ampliarmos um pouco esta afirmativa para uma realidade mais abrangente, então, o mundo poderá ser percebido segundo o que queremos focar.
vindo na contra-mão, segundo as palavras de gandhi: seja a mudança que quer ver no mundo. ou seja: mude a sua maneira de perceber o mesmo mundo de sempre e ele será um mundo totalmente novo toda vez que você desejar que ele seja e fizer o movimento de percebê-lo assim.
já se perguntou o que acontece
quando, de repente, abrimos os olhos e não enxergamos mais as coisas como antes? o que foi que mudou? "as coisas" ainda são as mesmas. têm as mesmas moléculas e elas ainda se agrupam da mesma forma. continuam reais, concretas, existindo sob a mesma ordem, de fato e da mesma maneira que sempre existiram. mas não são mais as mesmas!! então, o que foi que mudou?

21.8.09

o que procuro e o que encontro

procuro entender os meus movimentos, os meus limites, os meus passos. procuro não vagar por atalhos que não chegam. procuro aceitar as minhas imperfeições, os meus vazios e as minhas carências. procuro a música mais bela e mais sublime que embala o meu corpo em dias de silêncio interior. procuro a alma do viver, do harmonizar, do fluir e da plenitude. procuro momentos sensíveis e palavras consistentes. procuro o abraço que conforta e o colo que acolhe. e tudo está aqui, junto comigo, dentro de mim, bem ao meu alcance. encontro. me encontro. sinto felicidade e gratidão por compreender a magnitude da vida e por estar aqui nesta experiência. felicidade e gratidão por ter a mim mesma, por me ter por inteiro e por estar entregue. encontro a paz de quem se encontra. celebro a sagrada manifestação do viver.
queria poder colocar uma foto com a música que agora me envolve e me inspira e queria poder escrever a dança que o meu corpo desenvolve e queria que você sentisse a mesma alegria que sinto... que música linda! que dança gostosa! que preenchimento e que paz eu encontro!

19.8.09

enfim, durmo!

insone crônica há muitos anos, descobri há pouco tempo a maravilha de dormir a noite inteira. uma noite após a outra, e eu dormindo até o dia clarear... claro que agradeço aos devas por mais essa conquista em minha vida. lembro bem dos meus dias de zumbi, a confusão mental que isso gera e as minhas peregrinações por consultórios médicos naturebas que pudessem me ajudar nesse assunto. um deles, talvez o que mais tenha me chamado a atenção, me deixou meio p. da vida! era um homeopata com especialização em naturopatia que me falou que para eu dormir seria muito simples: bastava que, antes de deitar, sentada na beira de minha cama, eu respirasse fundo, esticasse as costas e dissesse sinceramente para minha mente "agora, você vai descansar". cacilda, viu? fiquei puta mesmo. paguei caro pela consulta, porque esses médicos, quanto mais naturebas são, mais longe dos planos de saúde ficam... ok, experiência. faz parte da vida! e por aí foi... teve de tudo: contar carneirinho, que nada mais é, acreditem, um tipo de meditação, chás incontáveis, mudar a posição da cama colocando-a na direção dos pontos cardeais mais indicados para um bom sono, isso, segundo o vastu shastra, um tipo de feng shui indiano. tentei também relaxar antes, aliás, muito aconselhado - e nesse momento você pode entender por relaxar antes o que quiser, porque de verdade, tentei de tudo! livros sobre o assunto então, ixe, perdi a conta!!! rodei, rodei, rodei, na roda da vida...
a questão é que, mais uma vez, pude experimentar que, até dormir não é um processo mental! fica claro quando eu digo isso?? vou tentar explicar o que estou tentando dizer... somos ensinados a usar a mente desde criança, naturalmente. pensar sobre isso, sobre aquilo, e aquilo outro! o que acontece é que, simplesmente, nos tornamos pensadores compulsivos, ou seres viciados em pensar. é incessante o processo do pensar. é incessante o processo mental. enquanto estamos, inconscientemente, pensando em dormir, não dormimos. é aí que a gente se ferra! enquanto estamos concentrados ou ocupados em tentarmos dormir, não dormimos, de jeito nenhum!! dormir não é um processo sobre o qual temos o controle!! caraca, isso é difícil, porque é um tanto quanto contraditório! sono, controle... inevitável, para mim, escrever sobre controle agora e não lembrar de uma profunda questão que levantei na aula de psicologia... questão, aliás, que ficou meio sem resposta e que acabou indo parar nas terapias informais do meu dia-a-dia, nas conversas com essa galerinha querida que me dá o maior suporte: meus amigos... como sou abusada, sérá tema de um futuro post: entrega: medo, sono e orgasmo. podem me cobrar! acho que já tenho ferramentas suficientes pra me arriscar no assunto... mas voltando pra questão do momento, é o seguinte: não dominamos o processo do sono e nem é esse o nosso objetivo, se queremos dormir. é um processo fisiológico? acho que sim, mas sobretudo, é um processo autônomo. ou sentimos sono e dormimos ou não sentimos sono e estamos acordados. se sentimos sono e não dormimos naquele momento é um problema quase incontrolável! sei bem o tamanho do drama...
para dormirmos precisamos, antes de mais nada, entendermos que não vamos controlar o sono. nem a hora que você quer que ele chegue, nem quando você quer que ele se vá. podemos até enquadrá-lo, habituá-lo aos nossos horários e rotina, mas controlá-lo, jamais!
o que posso afirmar, com toda certeza, é que uma cabecinha fixada em dormir não dorme. a outra coisa, que aliás pra mim foi extremamente reveladora, que posso dizer sobre o assunto é que, muito processo mental também tira o sono! paraece óbvio, mas quando você sente - e não, pensa! - isso na pele é que é. as pessoas falam sobre isso, mas viver isso é outra coisa. na verdade, na verdade mesmo, no meu caso, nem precisa de muito processo mental. algum processo mental já é o suficiente. ou melhor, algum atentar para o processo mental me tira o sono. e, como a vida é aprendizado, foi decidir falar sobre o sono e me gabar que agora durmo a noite toda que aqui estou eu, às 03:16hs da manhã, fechando esse post e sem sono nenhum...
p.s.: aliás, a título de ilustração, vocês perceberam como diminuíram os meus processos mentais? o blog não me via desde o dia 8!!! se especulo pouco mentalemente, acabo produzindo poucos textos. o blog é como o espelho da minha mente. inevitável, acabo escrevendo aqui sobre o mais íntimo da minha vida. e confesso que estava com saudades de postar...
pensar menos é se pré-ocupar menos e se ocupar mais da vida. estar mais presente no que faz. agir mais. tenho ido pra vida! sem medo, entregue. foi isso que mudou pra mim e foi isso que me permitiu passar a dormir bem.
bem viver e bom sono pra você também!!
agora, não se apega! deixa que vai e deixa que vem...

8.8.09

a arte de ter raízes

se um tempo atrás me perguntassem porque eu achava que tinha nascido eu seria capaz de responder que era para voar. desde quando eu consigo lembrar-me que existo, existe em mim uma sensação de "liberdade" muito forte, muito grande, muito presente. algo que me guia desde os meus primeiros passos. algo que me norteia em direção oposta a tudo que não tenha esse significado pra mim. forte, forte mesmo. nesse apaixonado encontro com a liberdade posso ter adiado conquistas importantes, talvez muito mais do que possa imaginar...
estranhamente, ou não, nem sei mais ao certo, o conceito de estabilidade soava o inverso de liberdade e me trazia repúdio. cheirava mal! passava a sensação de que estar estável poderia ser estar presa, atolada, estática, imóvel, inerte, e isso era muito mais do que desconfortável pra mim. era simplesmente um horror!!! era tudo que eu não queria. muito claro pra mim, como a luz do sol que dá início a mais um dia, eu vivia abraçando essa busca pela liberdade.
hoje, consigo perceber, que ao longo dos anos corri de tudo o que poderia me trazer estabilidade e não-liberdade: namorados certinhos, empregos fixos, amigos exigentes e qualquer outro compromisso que eu tivesse mais trabalho pra me livrar do que dizer: chega, não quero mais! eu achava que seria feliz se pudesse colocar uma mochila nas costas e sair pelo mundo, de lugar em lugar, de terra em terra, sem que fosse preciso me aterrar em alguma delas. a primeira sensação de pânico que tive quando percebi que as coisas não seriam bem assim foi quando tive que prestar vestibular e um filme com os próximos 5 longos anos logo logo, se desenrolou na minha frente e me vi por mais longos 5 anos "presa" a um mesmo lugar. tive um surto de fundo nervoso que me fazia literalmente apagar quando eu estava sentada ou em pé e então, eu só podia ficar deitada. afinal, as raízes não podem se fixar paralelamente à terra, contra o sentido da própria gravidade, me entendem? muito interessante as artemanhas da nossa mente, não?
e a vida, ano após ano, decidida, carinhosa e eficientemente tem tentado me re-orientar em relação ao que é liberdade e ao que é estabilidade. tem me dado algumas raízes: filho, rotina, sistema, e outros artifícios... por mais que eu, ignorantemente ainda, esteja, de certa forma, me debatendo pra receber e aceitar em meu coração isso tudo.
pra ilustrar o que foi dito busquei em dicionários alguns conceitos de liberdade. essa, que todo mundo "acha" que sabe o que é:
1 Estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 2 Poder de exercer livremente a sua vontade. 3 Condição de não ser sujeito, como indivíduo ou comunidade, a controle ou arbitrariedades políticas estrangeiras. 4 Condição do ser que não vive em cativeiro. 5 Condição de pessoa não sujeita a escravidão ou servidão. 6 Dir Isenção de todas as restrições, exceto as prescritas pelos direitos legais de outrem. 7 Independência, autonomia. 8 Ousadia. 9 Permissão. 10 Imunidade.
e de estabilidade:1 Qualidade daquilo que é estável. 2 Equilíbrio. 3 Firmeza. 4 Se­gu­rança.
a vida é mesmo uma arte... graças a deus conservo a capacidade de ficar perplexa e sentir-me abençoada diante do seu desvendar. sigo, então, a trilha sagrada atrás de equilíbrio, firmeza [sem rigidez] e segurança, tendo entendido que o conceito de liberdade transcende, e muito, ao conceito que aprendemos nos dicionários! om.

1.8.09

sincero agradecimento

nesse último mês recebi diversas bênçãos.
gostaria de fazer uma pausa aqui pra agradecer ao universo por me proporcionar cada uma delas!
[...]
não pensem vocês que durante o mês de julho tive só coisas boas em minha vida. não é disso que estou falando. muito mais do que motivos pra rir [ou pra chorar] hoje em dia, eu agradeço muito pelas oportunidades de aprender. aprender sobre mim, aprender sobre as pessoas a minha volta. aprender a aceitá-las, a amá-las e aprender um pouco mais sobre a vida.
durante este último mês entendimentos muito fortes me foram permitido acessar. agradeço também às pessoas que me proporcionaram as oportunidades para isso. muitas fichas sinistras e reveladoras caíram nestes últimos tempos e estão transformando completamente a maneira como me relaciono comigo, com os outros e com o mundo ao meu redor.
a compreensão sobre a realidade e a ilusão deram um grande salto.
em meu coração faço preces de que eu possa proporcionar a pelo menos uma pessoa que seja o que tenho recebido da vida. mas nem a isso eu me apego mais, apenas coloco pro mundo e aceita quem puder, quem estiver pronto, quem puder receber... ajuda se dá não a quem queremos, essa é a nossa vontade, mas sim a quem puder ser ajudado e se movimentar nesse sentido!
.::om sri maha ganapataye namah::.
que os obstáculos no caminhar da evolução de todos os seres possam ser removidos pela graça e misericórdia de sri ganesha.

30.7.09

os sintomas como espelhos da alma

a vida vez após outra nos coloca diante de situações parecidas entre si, aparentemente repetidas. porque será? coinscindência?? muito razo né? a vida é perfeita e muito simples até. difícil é só dar a partida no mecanismo que desvenda pra nós todo o seu harmoniozo e perfeito funcionamento.
a metafísica, que significa meta - além e física - matéria, ou seja, além da matéria, compreende o homem como um todo, o que se chama de holismo: o psíquico, o emocional, o energético, o espiritual e o sentimental, numa engrenagem única e perfeita também. tem como princípio que é a alma que organiza a matéria. que é a alma o início, a essência. nessa linha de raciocínio, é a atitude interna que adotamos diante as diversas situações da vida a chave para os nossos problemas físicos. é essa atitude interna que determina a saúde e harmonia do corpo ou que desencadeia o desequilíbrio do mesmo. se cultivamos insalubridade interna, recolheremos de fora também insalubridade. se cultivamos harmonia interior, recolhemos harmonia. conscientes ou não, recolhemos de fora apenas o que permitimos recolher.
se assim é, somos inteiramente responsáveis pela doença que temos. os sintomas são os conflitos internos projetados no corpo físico. e se são, que agradeçamos por eles existirem. dão uma linha. apontam uma direção. mostram qual o seu desafio. a doença é uma forma de auto-conhecimento.
vivemos sedados, levados pelos modos emocionais e físicos automatizados que dificultam a percepção. vivemos repreendidos por modelos e condicionamentos que nos iludem, nos fazendo acreditar que para sermos amados, produtivos, desejáveis temos que estar dentro deste e daquele padrão. quando adormecemos a ponto de compromoter a nossa evolução surge a doença, como um mestre, que nos orienta o despertar e a expansão da consciência. o corpo físico adoece pra avisar que o corpo não-visível está sendo mal utilizado.
uma doença é uma trama de sintomas que representa o que não está em harmonia na alma do paciente. sob esta ótica, todos os sintomas são psicossomáticos, desde uma gripe a um câncer. espelham o que não pode ser entendido por outra linguagem...
quando nos debatemos para nos encaixar nos modelos e padrões exigidos no mundo sem força o suficiente para nos libertar deles lá no fundo, bem dentro de nós, vem aquela sensação de raiva, medo ou culpa. estagnamos nesse momento e essa acomodação gera toxinas que nos dificultam pensar e discernir. a cabeça fica confusa. vem uma sensação de cansaço e falta de vitalidade. vem a frustração, a depressão, o choro, o mau humor, a ansiedade. cada um reage a seu modo. uns aceleram incessantemente em suas ações diárias, não permitindo perceber mais seus sentimentos. outros empacam, fragilizados, na busca por outras fontes de nutrição. mas igual, sedam-se cada vez mais, afastando-se da verdadeira origem desse ciclo venenoso. não há amor nesse percurso, vocês percebem? só há venenos: raiva, medo, culpa... as formas de compensação que buscamos são drogas usadas como ópio para sedar a dor, o vazio e a subnutrição da alma.
tem um livro, que se tornou um dos meus de cabeceira, chamado "a doença como caminho" que resume a manifestação dos sintomas em 7 níveis que vão se agravando conforme a nossa resistência em observá-los e corrigir o problema na fonte:
1- expressão psíquica [idéias, desejos, fantasias]; - não dar vazão às manifestações do Ser acaba em doença!
2- distúrbios funcionais; - seria até aqui o nível ideal de cura!
3- distúrbios físicos agudos [inflamações, ferimentos, pequenos acidentes];
4- distúrbios crônicos;
5- processos incuráveis, modificações de órgãos [câncer, diabetes, aids];
6- morte [por doença ou acidente];
7- deformações congênitas e perturbações de nascença [karma].
não é a toa que esse tempo, essa era na qual vivemos tem mais do que nunca a missão de nos chamar para o amor. adormecidos, endurecidos, tontos, completamente cegos, seguimos cada vez mais nos distanciando dele, chegando ao ponto de sermos bombardeados por misérias imensuráveis, loucuras indescritíveis e pela epidemia mundial da doença do amor, ou da aids, como é mais conhecida... mas o ser humano é perfeito em sua esssência. somos perfeitos em essência, na alma. precisamos despertar pra isso, pro amor. a alma é amor e o caminho da saúde é o caminho do entendimento da alma, ou seja, o caminho do entendimento do amor.
que todos os seres, de todos os mundos possam ser felizes!!

27.7.09

viver é questão de atitude

diga para si mesmo que é muito, muito mais capaz de esforços e explorações do que imagina. mas, sobretudo, ponha-se a caminho de superá-los. é preciso pôr-se a caminho, assumir os riscos e não ter medo, ainda que você imagine que isso será um pouco difícil.
você tem a capacidade de escapar da lei mecânica da repetição, com as mesmas causas produzindo os mesmos efeitos. mas é preciso que você compreenda que não apenas, pelo menos no começo, por um esforço interno tal como a vigilância, a adesão ao que é ou a presença de si mesmo, que isso se dará. é também por decisões audaciosas cujos riscos é preciso ousar assumir, sejam eles físicos, emocionais ou financeiros.
tenha uma ambição a medida que você é chamado como homem. não busque sempre o conforto, as pequenas soluções, e sobretudo, tente forçar a primeira barreira dos seus condicionamentos, por decisões que o comprometam e que vão lhe custar algo.
a grandiosidade da vida não é para o covarde, nem para o poltrão, mas sim para os guerreiros...
--
"a existência é um fato. viver é uma arte." sri sri ravi shankar

felicidade

ninguém precisa ser radical a ponto de abdicar de tudo o que tem, mas acredito que para ser feliz é preciso ser alguém que não sofre mais por não ter e está satisfeitíssimo com aquilo que tem. sendo assim, lá vai uma chave da felicidade: a gente pode ser perfeitamente feliz com o que tem. o budismo vai além. diz que a felicidade que depende de algo externo está baseada não só no desejo [ou esperança] de ter esse objeto como no medo de perdê-lo. isto é, ela vem junto com a infelicidade. só a felicidade interna, sem desejo em um objeto externo, pode ser completa.
implica em delimitar territórios, encontrar nossa matilha, ocupar nosso corpo com segurança e orgulho, independente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inato, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.
para usufruir verdadeira e intensamente da felicidade também é preciso escolher. a lista do que realmente pode nos fazer felizes tem de ser bem restrita, bem pensada, pelo simples motivo de que ninguém conseguir preencher todos os itens de uma lista extensa! exigências demais atrapalham e desejos demais também!!
considero a virtude importante. quase ninguém associa mais virtude com o fato de ser feliz. se pergunte: “o que torna uma vida digna de ser vivida?” uma vida feliz só pode ser uma vida com significado e aí a virtude faz sentido. a felicidade é a meta de todas as metas: tudo o que fazemos, no fundo, é para sermos mais felizes.
se acreditarmos tanto na idealização de uma forma fixa de felicidade quanto na tendência de querer adiá-la para um futuro quase inatingível, de verdade, nunca chegaremos lá! portanto, não adiar muito um projeto que nos faça mais felizes, assim como não idealizá-lo em demasia, podem ser boas indicações [e lições] no caminho que conduz à felicidade. você pode ser feliz agora, se quiser, nas suas condições mesmo. ser feliz pode ser tão simples a ponto de nem conseguirmos perceber como...

24.7.09

o por do sol

o que é bom dura pra sempre. e o que é bom é amor. em essência a alma é amor. e a alma é a única coisa que não está sujeita a lei da impermanência. isso merecia aquele abraço, que aproxima os corpos, que alimenta o desejo, que termina em beijo...

22.7.09

apego, aversão e desapego

se os pensamentos não lhe trazem nitidez e clareza então voe para o seu coração.
por alguns dias, depois de um redirecionamento brusco, sem que eu percebesse, me distanciei do meu. meus pensamentos confusos, não me davam o dom das palavras e nem do saber agir. eu tinha ído do apego à aversão!
os dias estavam se passando meio turvos e o caminhar seguia para onde eu não queria ir. tão certo quanto a morte, eu chegaria a um distúrbio de caráter segundo as palavras de Gandhi...
peraí, peraí, peraí! não é esse o meu caminho! tudo depende do que você quer. aonde você quer chegar? com certeza eu não quero levar dois anos processando tudo isso! a resposta que não é fácil de alcançar é, ao mesmo tempo, muito simples, mas não tem que ser pensada e sim sentida!
a questão é que eu sou o que sou. e eu sou o que me permiti construir. e nada do que vier de fora poderá mudar isso. meus atos, baseados nas minhas palavras e nos meus pensamentos [ou sentimentos] não podem ser influenciados por nada que venha de fora, ou então eu não estarei aplicando o conhecimento que obtive e estarei me distanciando do meu coração.
se reconheço um prazer que não vem da pele, é porque ele é muito mais profundo e só pode vir do centro do sentir! é de lá que surge, é lá que mora e é lá que vai continuar existindo.
ainda que o silêncio tente envenenar meus pensamentos não têm o poder de penetrar no coração. no coração tudo está claro e certo. o afeto, o apoio, o carinho, a afeição, a amizade e o amor que ainda brota estão lá, são concretos, são reais. isso nada tem a ver com você, com nada ou ninguém, a não ser com Ele de dentro de mim. nesse momento abro minhas mãos e deixo o balão partir, mas estarei aqui.
talvez isso seja praticar o desapego. e eu, sou o que sou e estou aqui, em paz e no mesmo lugar, só que, de novo, um pouquinho mais acima...
--
com a testa e o nariz colados aos seus, olhos nos olhos, baixo o meu olhar, como fazem os tibetanos. apesar das artemanhas, o que ficou impresso foi mais um momento especial. teacher, gratidão por me conduzir ao x da questão e me lembrar da lei da impermanência. afinal, a vida é yoga!

me calo

q u a n d o n ã o s e i o q u e p e n s a r n a d a p o s s o d i z e r .

16.7.09

envolver ou des+envolver?

a vida é baseada em relações e relacionamentos.
o que apreendemos no dia-a-dia é fruto do que vivenciamos nas nossas relações, seja nas relações familiares, sociais, profissionais, amorosas, sexuais, de que espécie forem. o que nos constrói e o que irá constituir a nossa experência nesse mundo vem do que podemos digerir nas vivências com as pessoas. ainda que seja o resultado de muita especulação mental pessoal, ainda que seja de uma relação que alimentamos conosco mesmos. ainda assim, o que nos constrói advém das relações que mantemos e o que conseguimos entender delas.
existem duas maneiras de você encarar as suas relações: ou você se envolve nelas ou você se desenvolve com elas. ahaaaammmm? não tinham pensado nisso né? pois é, mas é assim...
envolver - en.vol.ver, do lat involvere: enrolar(-se), embrulhar(-se), meter(-se) dentro de invólucro.
desenvolver - desen.vol.ver [des+envolver]: tirar do invólucro, descobrir o que estava envolvido. fazer crescer.
ambas as definições foram extraídas do dicionário michaelis, ou seja, estão ao alcance de qualquer pessoa que saiba ler. mas não basta ter conhecimento da definição para podermos aplicar estes conceitos nos relacionamentos. eu, quando me dei conta, fiquei espantada comigo mesma, pois sempre tive uma enorme facilidade em me envolver nos meus relacionamentos - e uma extrema dificuldade de sair deles - principalmente os íntimos, que são os mais certeiros, pois entram na gente diretamente ao nível do coração e por isso mesmo, se não estamos bastante atentos, tem uma chance brutal de nos ferir muito e profundamente, tanto quanto estivermos envolvidos neles!
os opostos se atraem. eu até que tenho uma definição que explica melhor essa frase tão conhecida, mas deixo para outra oportunidade porque já é outro assunto... a questão é que se atraem. e quando se atraem se envolvem. isso é fato. não há o que mude. é da natureza do homem a atração pelo sexo oposto [hoje em dia vale incluir do mesmo sexo também, ne?] o problema é quando começamos a notar o nosso envolvimento e então, ao invés de olharmos de frente, nos deixamos tomar por ele! daí alguém pode vir me dizer: mas você fica racionalizando e dái não se entrega! ok. talvez não seja totalmente uma mentira, mas de que adiantaria uma entrega às cegas? onde iríamos chegar? é aquela história do barco no rio... o que você quer? onde você quer chegar? não se trata de puxar o freio de mão. isso seria mais ou menos viver mortamente a vida, perdendo um conteúdo valioso que ela oferece. isso seria sim como ter conhecimento do carro que se guia e a estrada que se percorre. não será mais saudável uma entrega consciente? não consigo avaliar até que ponto perder o controle seja premissa para estarmos felizes num relacionamento amoroso, consigo é o contrário!!!
se você escolhe apenas envolver-se, perde o que de melhor a oportunidade do relacionamento íntimo pode dar a você!
o relacionamento em si pode ser observado como uma grande experiência de aprendizado e de investigação pessoal. consequentemente, de crescimento pessoal. e não vejo como o seu próprio crescimento pode não ser saudável pra você! isso é desenvolver-se em um relacionamento. vai lá em cima novamente e lê a definição de des+envolver! faz crescer! tira do invólucro! disso todos nós precisamos! ainda que não tenhamos a coragem de adimitir e nem a sabedoria para encarar de frente. confesso: não é fácil, mas não é impossível, basta você se conhecer que o mundo se revela pra você e todas as possibilidades surgem a sua frente.
e tem mais. quando você escolhe desenvolver-se, por que então é uma escolha, em algum momento você olha de frente o relacionamento que vive e percebe que se envolveu, mas quer sair do envólucro, do casulo, você , então, escolhe desenvolver-se com ele, nesse momento, você cresce. daí pra frente, se o outro não cresce junto, naturalmente você se liberta daquela atração inicial e daquele envolvimento que te cega e consegue romper a zona de conforto e saltar muito a diante, atravessando uma situação delicada de uma forma confortável e grandiosa.
só o conhecimento pode libertar. experimente, daqui pra frente, desenvolver-se com as pessoas!

15.7.09

amor: eros, storgé, philos e agapé

intuitivamente achei que houvesse uma explicação para cada forma de amar. sou geminiana e naturalmente apaixonada, então o amor esteve sempre muito presente na minha vida. observar a maneira como o amor se expressa, ou como as pessoas expressam seu amor [claro, que muitas vezes embolada em alguma situação em particular] me levou a acreditar na existência de mais de um tipo de amor, afinal, não é possível que Jesus Cristo fale há tanto tempo em amor - " ame a seu próximo como a si mesmo", " ame os seus inimigos" - e até hoje não tenhamos conseguido chegar lá! só podemos estar pegando um caminho diferente...
numa das minhas leituras encontrei uma coisa que me chamou a atenção. se você não sabe o que busca, muito provavelmente não tem chance de encontrar, de forma que, talvez seja melhor saber que tipo de amor esteja buscando.
para iniciarmos um entendimento a respeito do amor é preciso que o desdobremos em quatro palavrinhas de origem grega. isso, até onde eu pude entender, é claro!
o novo testamento foi escrito originalemente em grego. para os gregos existem quatro palavras diferentes para descrever amor: eros, storgé, philos e agapé. eros, da qual deriva erótico, significa sentimento baseado em atração sexual e desejo ardente. storgé, que quer dizer afeição, representa o sentimento especialmente que nutrimos pela família e amigos mais próximos, aquela outra família. o fato é que nem eros, nem storgé aparecem no novo testamento. a outra palavra é philos, um sentimento de fraternidade, que aparece quando temos um amor recíproco, um amor condicional, quando você ama por ser amado, quando você retribui quando alguém o faz sentir especial. a última palavrinha é agapé que os gregos empregavam para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento que temos em relação às pessoas, sem que haja uma necessidade de troca.
percebe? não existe em agapé um sentimento e sim um comportamento.
o amor ao qual Jesus se refere é agapé. um comportamento amoroso que devemos ter com as outras pessoas, independente de que elas tenham conosco ou não.
daí, então, leve para a prática diária: quando aquele carinha quiser "aquilo" e falar que te ama, não escute amor, e sim eros e poupe-se da ilusão! quando seu chefe te encher os pacová pratique agapé com ele e livre-se de uma demissão!
depois, quando eu falo que falo grego e por isso ninguém me entende, as pessoas acham que estou brincando...

receitinha do "pão do kirtan"

tô devendo uma fotinha... não sei onde foi parar.

é uma receita adapatada de um dos cursos que fiz com marcos natureba, que aliás está dando um curso de formação em culinária ayurvédica vegetariana na montanha encantada. tem o link para o folder do curso lá embaixo, na seção boas novas.

2 xícaras de farinha integral
2 xícaras de farinha branca
2 xícaras de aveia em flocos
1 xícara de açúcar mascavo
3 colheres de sopa de óleo
2 colheres de sopa de fermento biológico
3 colheres de sopa de erva doce
meia colher de sopa de sal
200ml de leite de coco
200ml de água morna [40º]

misture os ingredientes secos e adicione o óleo. aos poucos vá adicionando o leite de coco e a água, verificando a consistência da massa. sove vigorosamente a massa polvilhando farinha para que grude menos nas mãos. a massa deve ficar estável e macia. deixe descansar até que dobre de tamanho. após o tempo sove novamente a massa e separe em 3 ou 4 partes. coloque em forma apropriada ou em tabuleiro untado e deixe descansar novamente por uns 40min. pré-aqueça o forno e asse em fogo médio até que dourem.

espero que o de vocês fique ótimo. o meu já tá saindo do forno...
apreciem com moderação. fermento fresco engoooordaaa...

13.7.09

[im]possibilidades

o barco segue pelo rio e não há remo, nem motor, nem vela, nem nada que guie o barco. o barco flui no rio... se o barco para em uma das margens? se o barco cai numa corredeira? se o barco chega a uma bifurcação? se o barco encalha em um banco de areia? se ele descobre um lugar paradisíaco? se não há domínio da situação então há inúmeras [im]possibilidades. se há domínio a natureza não segue seu livre curso...
o que é o barco? o que é o rio? quem é você? aonde você quer chegar?
e eu estou aqui no mesmo lugar, só que um pouquinho mais acima...

12.7.09

a fisiologia do silêncio


eu não domino o silêncio e nem o silenciar. leio muito a seu respeito, tenho algumas experiências, mas longe de mim achar que tenho propriedade sobre o assunto. mesmo assim vou me arriscar aqui. afinal é um espaço de troca e não uma via de mão única. o que sei é que não é o silêncio apenas a ausência de som, de ruído e de palavras...
demorei muito anos me trabalhando pra conseguir escutar mais e falar menos. o meu forte é a comunicação. preciso falar pra ir organizando meus pensamentos e somando outras opiniões a eles. falar me ajuda a concluir o processo complexo do entendimento dos sentimentos, dos pensamentos e das sensações. viciei nisso! em falar. sempre tinha brigas oméricas com meu pai por não conseguir escutar uma frase inteira. acho que porque meu pai morreu e então paramos de brigar eu achei que tivesse conseguido escutar mais!!!
tolinha! a vida é assim: quando achamos que chegamos lá, o lá caminha alguns passos adiante e então, estamos ainda na caminhada. achei que tivesse aprendido a escutar.
na minha tentativa, ainda não bem sucedida, pelo visto, eu, num esforço descomunal me abro os ouvidos - e o coração. a contra-partida não se manifesta. o som não chega, as palavras não são ditas e a cena congela. e não é nem pra rir e nem para chorar. é apenas mais um aprendizado!
o silêncio é afiado! intocável, desconfortável, indecifrável! de qualquer forma, seja qual for a minha relação com o silêncio, boa ou má, envolvente ou indiferente, volta e meia ele vem, dança na minha frente com uma bunda gorda e feia e parece zombar de mim.
o que veio me dizer desta vez?
algo que até hoje ainda não consegui escutar...
ele [o silêncio] fala? se cala? grita?
me aprova? me repele? tem medo de mim??
eu, que não sei lhe dar ouvidos, me confundo, me desoriento. cega, vou tatenado alguma direção, mas não saio mais do prumo. parte da lição eu já aprendi.
o silêncio é!
mas seja lá o que for não tem mais a força do monstro que eu criei na tempestade de pensamentos que já não me tempesteiam mais.
é o nada. é o tudo. é o grito contido. o sentimento não decifrado. a questão não levantada. a resposta não conhecida, mas não é mais forte do que eu.
[suspiro] ai, ai, ai, então tá! ficamos assim: o dito pelo não dito. o essencial também não pode ser visto pelos olhos...
--
bela, essa é pra você, só pra apimentar suas confusões particulares: "se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos." [oscar wilde]
esse silêncio deve ser o vizinho do que eu falo aqui. o daqui não se parece com esse...

7.7.09

o que não passa, permanece

percebo que deixei algumas emoções resvalarem para a sombra quando certas situações vêm e voltam. mudam os cenários e os personagens, mas o enredo permanece o mesmo, inalterado. recebo as situações de maneiras diversas, como que tentando fazer testes pra verificar a melhor forma de conduzí-las. por vezes, em vão me esforço. parece que as causas e os resultados escapam das minhas mãos, do meu controle. aliás, palavrinha mais difícil essa: controle!
a sensação que dá é que cada vez que a mesma situação reaparece eu revivo a anterior e a anterior e por aí vai. não como o sofrimento que me causaram, mas tentando identificar o aprendizado que ainda não obtive. porque o fato é que ainda não obtive se elas permanecem acontecendo... sabe quando você não consegue colocar um ponto final? é realmente a sensação de que ainda não acabou, não sedimentou, não se restabeleceu.
uma vez li num livro que certas pessoas permanecem em nossas vidas não para que aprendamos a aceitá-las, mas sim para que aprendamos como nos manter longe delas! trago isso para as situações, como a que estou vivenciando agora. são re-produzidas para que aprendamos a nos livrar delas por vez!
a questão é: o que tomar como ensinamento? e depois, naturalmente, ela irá se dissolver!

6.7.09

tente mudar pequenos hábitos

vou dividir isso com vocês.
são meus pensamentos, minhas in-qui-si-ções pessoais.
se eu não estiver ficando louca talvez esteja ficando lúcida...
--
não consigo ficar sem óculos escuros, desde muito cedo. minhas vistas lacrimejam, a visão fica turva e logo vem uma baita de uma dor de cabeça com uma sensação de peso na testa! quem me conhece sabe muito bem disso. eu falo, de brinacadeira, que é por causa dos meus belos olhos azuis, muito sensíveis!
sensíveis de fato meus olhos são, mas já azuis...
ontem estava andando de bicicleta na lagoa com uma amiga e prestava muita atenção nas pessoas que passavam. umas passavam de óculos escuros escuros, outras de óculos escuros mais claros e outras sem óculos. eu estava com os meus, óbvio. mas nem os meus óculos são mais os mesmos!
enquanto andava de bicicleta eu reparava nas pessoas que passavam e percebia que algumas pessoas - que aliás também reparavam em mim quando nos cruzávamos - buscavam o meu olhar, olhavam nos meus olhos. hoje em dia as pessoas podem encontrar os meus olhos e o meu olhar, mas isso nem sempre foi assim.
há tempos atrás meus óculos escuros eram muito escuros, com a lente preta mesmo e todo fechado dos lados, ou seja, ninguém podia saber através dos meus óculos onde os meus olhos estavam e nem o que estavam olhando. ninguém podia encontar o meu olhar, nem saber se eu os encarava de frente ou se eu me esquivava diante deles. e eu, sempre de óculos escuros não querendo mesmo me denunciar e nem deixar ninguém me descobrir...
algumas vezes isso incomodava as pessoas e elas chegavam ao ponto de sugerir, gentilmente, que eu tirasse meus óculos para continuarmos a conversa, querendo falar diretamente com os meus olhos! outras vezes, eu, num súbto acesso de flexibilidade, tirava sem graça os meus óculos, depois de perceber que a outra pessoa os buscava insistentemente e logo ganhava um sorriso, ou um "ah, agora sim está melhor conversar!"
apenas um óculos, um pequeno hábito...
o tempo foi passando - parece a história da bela adormecida, não? - e o mato crescendo ao redor... não, mato não, mas as couraças iam caindo ao meu redor. meus olhos continuavam se incomodando com a claridade - ou com a nitidez? - mas eu fui me abrindo pro mundo e gradativamente as minhas lentes, inclusive as lentes dos meus óculos, foram se tornando cada vez mais claras, com tonalidades mais agradáveis e que até ajudavam a trazer um colorido a mais para o mundo e para o meu olhar sobre ele. hoje, meus óculos escuros são bem mais claros. ainda me protegem, mas agora eu posso permitir que as pessoas vejam os meus olhos, que os encontrem, os encarem e que até conversem com eles. que troquem idéias e confissões entre si. posso me entregar com o meu olhar. permito que percebam se os meus olhos me contradizem e até que se enchem de lágrimas sem que eu me sinta fragilizada por isso. faço questão de retirar os meus óculos, apesar de agora eles entregarem o meu olhar, para ter uma conversa mais próxima, mais honesta e mais aberta.
afinal de contas, reza a lenda, que os olhos são as janelas da alma e eu já não tenho mais motivos para me esconder...

4.7.09

om, om, om!


você percebe que está no caminho certo quando os seus movimentos começam a atrair as oportunidades e as ferramentas que você precisa naquele momento. quando você menos espera a semente que foi plantada tempos atrás floresce, ou o telefone toca e um problema difícil se resolve pela manifestação da ordem do universo. simples assim!
obrigada [ao Cosmos e aos Devas] pela oportunidade maravilhosa que é poder receber as dádivas do caminho certo colhendo os frutos do bem viver!!!

3.7.09

aceitação

aceitar. a-cei-tar. respiro fundo. concentro-me no processo da respiração. iiiiinspiiiiiro profuuuuundo e percebo o ar sendo conduzido até a altura do umbigo. é uma inspiração profunda tanto quanto os ensinamentos que temos para receber da vida. a inspiração é o primeiro contato que você faz com o mundo. enquanto você inspira pode se concentrar em aceitar e receber o que tem por vir.
mas aceitar não é simplesmente sacudir a cabeça fazendo um movimento positivo, é muito, muito mais do que isso! aceitar é permitir que as manifestações se aproximem de você, envolvê-las em amor e deixar que se registrem no seu coração. é um processo grande, imenso, que pode te fazer crescer e se abrir pro mundo e que realmente requer a participação do seu corpo e de você, por inteiros!
aceitar, numa situação, é não fazer o movimento inverso, não arrastar corrente, não se debater. não ir de encontro a algo com uma cavalaria inteira, pronta pra lutar, deixando-se dominar pelo ego e pela emoção. tomada por um rompante de caprichos e ilusões. é poder se dar tempo de perceber, de conhecer e identificar o que existe por detrás da aparência. o que é real e qual é o ensinamento. aceitar numa situação é identificar com o que você está se relacionando, entrando em contato e qual é a chave que tal coisa ou momento estão acionando, fazendo emergir, vir à tona. tomar essas questões no braço, acolhê-las e nutrí-las com o discernimento e a sabedoria que só a consciência do entendimento deste próprio momento poderão lhe proporcionar.
aceitar, numa relação é, por exemplo, compreender o limite do outro, mas não por imposição de regras de boa convivência, mas porque seu coração se abre e você se coloca no lugar da outra pessoa e consegue entendê-la com compaixão. rega com amor. seja o que for. rega com amor e permite que o que for se manifeste e que seja para o bem. se preciso for você rega com amor e com amor permite que siga seu próprio caminho, conduzindo-o, se preciso for, pela compaixão e com amor. se for para que permaneça você rega com amor para que tudo possa se renovar e que o amor possa sempre ser a linha que delimita o seu caminhar. dá as mãos e segue junto, unificado, lado a lado, na mesma trilha e no mesmo trilhar.
e para mim aceitar é isso. pois a vida flui em torno de relacionamento e relação. seja que relacionamento for, com o que ou quem for, seja em que relação você estiver, resta aceitar. aceitar. aceitar.

1.7.09

em meditação

tenho passado dias atípicos. nos meus 31 anos - e se levar em conta as horas não dormidas talvez tenha uns 10 anos a mais - essa é a primeira vez que fico "sem fazer nada". parada não, paralizada pelo meu corpo que resolveu teimosamente, por vontade própria, me por para "descansar"... pois então, nesses últimos dias não tenho ido ao trabalho me recuperando de uma turbulência forte, se eu for adotar a linguagem de um querido.
o que fazer então, quando justamente a proposta, ou imposição [da vida] é que nada se faça?
ficar parada, quero dizer com o corpo parado, na caminha, olhando pro teto, me fez aos poucos ir desacelerando a minha mente e os meus processos mentais. como se a nuvem e a turbulência mentais tivessem se enfraquecido criando um céu claro onde pude concluir coisas maravilhosas e fundamentais para encerrar o ciclo que estou atravessando. foi a oportunidade que eu precisava para realizar que muito da minha agitação mental e falta de foco são reflexos da minha capacidade exaustiva de fazer [e pensar] mil coisas ao mesmo tempo. parece óbvio! aliás pode ter sido sempre uma boa desculpa inconsciente para eu não focar internamente... acabou de cair essa ficha...
hoje fui a terapia, a minha terapia, e me peguei dizendo que eu não tinha feito nada esses dias todos. por outro lado, nunca desatei tanto nó como nos últimos dias!
outro dia, fui surpreendida com o seguinte comentário ao chegar ao trabalho: " você fala da fulana que tem um ritmo frenético, mas e você?! tá sempe correndo de um lado para o outro!" e juro, que eu nem me dava conta! naquela instante ali levei até um susto!
estar parada e "sem fazer nada" me permitiu refletir e concluir sobre questões que me roubavam muita energia há pelo menos dois anos na vida! a oportunidade de meditação, mesmo que forçada, agora talvez - e eu estou torcendo para que se confirme - me dê a capacidade de focar no resto.
essa pausa provocada pelo meu "teimoso" corpo foi na verdade um grito desesperado da minha mente que precisava concentrar a sua energia - foco - pra digerir algumas questões. agora sinto-me como se a ventania tivesse cessado nos meus pensamentos. como se houvesse uma quietude, um silêncio maior aqui dentro. sinto uma sensação de paz que, esperançosamente, espero que dure...

29.6.09

as 5 camadas do ser: os eus e as mentes

gostem ou não, funcionamos em camadas - como as cebolas!
a mente é o mecanismo mais complexo que o ser humano possui e para mim objeto de enorme atração. compreender o funcionamento da mente pode nos levar a transpor certos padrões errados que adotamos, mas nos atermos fixamente a isso certamente nos levará a loucura...
por trás de qualquer movimento, ou seja, por trás dos pranas, a mente permeia todos os aspectos do ser. do exterior para o interior do nosso corpo, a consciência vai fluindo da forma mais grosseira para a mais sutil, correspondendo aos 5 elementos.
o ego, ahamkara em sanscrito, ou o Eu inferior é representado pelo elemento mais grosseiro de todos, a terra, sendo também a manifestção mais grosseira - e desculpem o trocadilho, mais estúpida! - da mente. é responsável pela nossa sensação de imcompletude e infelicidade. nos identifica com determinado corpo, ou seja, com a forma, além de prender-nos às noções de tempo e espaço. mas, é também a camada da mente que cumpre a função de nos conferir a identidade necessária para a expressão da nossa própria existência.
a mente dos pensamentos comuns, das sensações e emoções, manas ou mente exterior é representada pela água e nos confere a habilidade de estarmos sempre fluindo para fora, entrando em contato com o mundo. responsável pela capacidade de reunir impressões sensoriais possibillitando sua apreensão e acúmulo em nós mesmos. [ah, e é ela que dificulta o êxito na meditação!!]
a inteligência, buddhi, ou mente intermediária é representada pelo fogo, agni. a inteligência é o agni mental onde conseguimos processar os conceitos de verdadeiro ou falso, real ou irreal, bom ou mau. ou pelo menos deveríamos! é também a luz da razão que nos dá a capacidade de pesar, medir e avaliar. a inteligência pode ser subdividida em intelecto ou inteligência verdadeira. o intelcto funciona sob o comando do ego, da emoção e dos sentidos. nos confere uma visão materialista da vida e nos faz buscar satisfação nos objetos externos. a inteligência verdadeira transcende a tudo isso, indo além dos sentidos e das aparências, nos revelando a verdadeira natureza das coisas.
o coração ou mente interior, chitta, é representada pelo ar e a camada por onde fluem os pensamentos e sentimentos profundos. por meio do ar nos movemos, agimos e funcionamos como seres conscientes. apesar de ser uma consciência mais profunda ainda é uma consciência condicionada constituindo os hábitos espontâneos e automáticos em nós. tem uma grande capacidade de mudar, reagir e se transformar. no nosso coração é onde moram nossas motivações, vontades e desejos máximos, o que de fato queremos da vida. [pelamordeDeus, que possamos acessar nossos corações!!!]
a camada mais profunda e mais sutil de todas é representada pelo elemento éter. é o Eu Superior, a alma ou Atman. nos confere uma consciência não condicionada, intemporal e infinita. proporciona a satisfação em seu valor interior e a paz em sua própria identidade. é formado por outros 3 elementos Sat-Cit-Ananda, ou seja, Eterno-Pleno de conhecimento-Pleno de felicidade, sendo, portanto, parte do todo, ou do Eu Supremo, Brahman.
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"nossa consciência mais profunda é o nível em que os traumas nos afetam mais e onde eles se depositam no mais fundo de nós, sobretudo os sofrimentos do nascimento e da morte. lá conservamos nossas tristezas, nossos apegos, medos e angústias mais profundos. temos de chegar a esse nível para eliminar mágoas, hábitos e vícios profundamente arraigados. isso é muito difícil, porque chegar ao âmago da consciência requer desbastar as camadas da mente, que são numerosas e complexas." david frawley
om tat sat!