11.6.11

Os mistérios do sangue e a cura emocional da mulher

A primeira e mais antiga forma de medir o tempo foi pelo ciclo menstrual das mulheres. Olhando o céu e contando os dias para a chegda da menstruação ou para a confirmação da gravidez, as mulheres criaram os primeiros calendários e estabeleceram as bases do conhecimento místico e mágico da Lua. A raiz da palavra “menstruação” vem do latim mens e significa “lua” e “mês”.
Para os povos antigos, a menstruação era um dom dado às mulheres pelas Deusas para que elas pudessem criar e perpetuar a própria vida. A sincronicidade do ciclo lunar e menstrual refletia o vínculo entre a mulher e a divindade, pois ela guardava o mistério da vida em seu corpo e tinha o pder de tronar real o potencial da criação. Esses ciclos também refletiam oas estações e mudanças da natureza, o ventre aparecendo como receptáculo da vida eterna, simbolizado pelo cálice, caleirão ou Graal em vários mitos. Todos os homens nascem da mulher, seus corpos são formados do tecido de seu útero, o sangue que corre na veia do recém-nascido é o sangue de sua mãe. O poder da ulher vem através de seu sangue, por isso ela não deve temê-lo ou desprezá-lo, mas considerá-lo sagrado, imantado com o poder que liga a mulher à Fonte da Criação.
Considerada pelos povos antigos como a “Flor da Lua” ou o “néctar da Vida”, a menstruação passou a ser denegrida e desprezada pelas sociedades patriarcais, que a consideravam a origem do poder maligno da mulher, a marca do demônio, o castigo dado a Eva por ter transgredido as regras e obediência e submissão. Enquanto que nas sociedades matrifocais as sacerdotizas ofereciam seu sangue menstrual à Deusa e faziam suas professias durante os etados de extrema sansibilidade psíquica da fase menstrual, a Inquisição atribuía esse poder oracular a prova da ligação da mulher com o Diabo, punindo e perseguindo as mulheres “videntes”. E assim originaram-se os tabus, as proibições, as crendices e as supertições referente ao sangue menstrual.
“Tabu” é uma palavra de origem polinésia , cujo significado – “sagrado” – refere-se a tudo aquilo que por ser imbuído de poder especial chamando mana nao podia ser tocado ou usado por pessoas que não estivessem preparadas para lidar com essa energia, o que pderia lhes ser prejudicial. O sangue mesntrual ou pós-partum era impregando de man, sendo por isso considerado sagrado, ou seja tabu.
Com o passar do tempo, o significado da palavra tabu foi deturpado para proibido, reendo uma conoação negativa e até mesmo perigosa, preincipalemnte para homens que temiam esse poder misterioso da mulher. Esse temos vinha do fato de que o homem, quando sangrava, era por ferimento ou doença, com consequências quase sempre fatais.
Infelizmente, milêncios de supremacia e dominios patriarcal despojaram as mulheres de seu poder inato e negaram-lhe até memso seu valor como criadoras e nutridoras da própria vida. Reuzidas a mera reprodutoras, fornecedoras de prazer ou de mão-de-obra barata, as mulheres foramconsideradas incompetentes, incapazes, desprovidas de qualquer valor e até mesmode uma alma!
Não mais o respeito e a veneração pelo poder sagrado de seu sangue, mas a vergonha, a repulsa, o silêncio sobre “aqueles dias”, as ausações e explicações cinetíficas dos estados depressivos, explosivos ou da mudança de humor como algo mórbido, que deveria sert ratado com remédios ou indiferença.
Em vez dos antigos rituais de renovação e purificação nas Cabanas ou Tendas da Lua, onde as mulheres se isolavam para recuperar sua energia e abrir seus canais psíquicos para o intercâmbio com o mundo espiritual, a mulher moderna deveria disfarçar, esforçando-se para continuar com suas atribuições cotidianas, perdendo o contato e sintonia com seu corpo e a nenergia da Lua. O resultado é tensão pré-menstrual, as cólicas, o ciclo deseordenado, o deconhecimento dos “Ritos de Passagem” edos “Mistérios da Mulher”. As meninas passam por sua menarca sem nenhuma preparação ou celebração, aprendendo, muitas vezes, as verdades sobre seus corpos de forma dolorosa ou prejudicial. Ao chegar na menopausa, a mulhersente-se marginalizada, desprezada, envelhecida, sem receber apoio ou ensinamento de ocmo atravessar e aproveitar essa nova fase plena de possibilidades e de sabedoria.
Pelo resurgimento do Sagrado Feminino, as mulheres estão reaprendendo o verdadeiro valor sagrado de seus corpos, de suas mentes e de seus corações. Restabelecem-se os rituais de passagem, celebrando as fases de transição na vida da mulher: a menarca – primeira menstruação – , a maturidade sexual, a gestação, o parto e a menopausa.
É imperativo à mulher contemporânea recuperar a sacralidade de sua biologia. ara isso, ela deve lembrar seus antigos conhecimentos, compreender os verdadeiros mitos e arquétipos de sua natureza lunar, reconhecer o poder mágico de seu ventre e sua conexão com a Deusa.
A sociedade atual, altamente industrializada e intelectualizada, é carente de Ritos de Passagem e Celebrações, preocupando-se apenas com a produtividade, o consumismo e o modismo.
É vital para a mulher moderna suprir essa lacuna lendo e reaprendendo as antigas tradições, usando sua intuição e sabedoria para adaptá-las à sua realidade moderna, celebrando os Ritos de Passagem.
Esse ato de “acordar” e “relembrar” reconecta a mulher à sua esência verdadeira, dando-lhe novs meios para viver de forma mais plena, harmônica, mágica e feliz.
Extraído do Anuário da Grande Mãe – Mirella Faur.