30.7.09

os sintomas como espelhos da alma

a vida vez após outra nos coloca diante de situações parecidas entre si, aparentemente repetidas. porque será? coinscindência?? muito razo né? a vida é perfeita e muito simples até. difícil é só dar a partida no mecanismo que desvenda pra nós todo o seu harmoniozo e perfeito funcionamento.
a metafísica, que significa meta - além e física - matéria, ou seja, além da matéria, compreende o homem como um todo, o que se chama de holismo: o psíquico, o emocional, o energético, o espiritual e o sentimental, numa engrenagem única e perfeita também. tem como princípio que é a alma que organiza a matéria. que é a alma o início, a essência. nessa linha de raciocínio, é a atitude interna que adotamos diante as diversas situações da vida a chave para os nossos problemas físicos. é essa atitude interna que determina a saúde e harmonia do corpo ou que desencadeia o desequilíbrio do mesmo. se cultivamos insalubridade interna, recolheremos de fora também insalubridade. se cultivamos harmonia interior, recolhemos harmonia. conscientes ou não, recolhemos de fora apenas o que permitimos recolher.
se assim é, somos inteiramente responsáveis pela doença que temos. os sintomas são os conflitos internos projetados no corpo físico. e se são, que agradeçamos por eles existirem. dão uma linha. apontam uma direção. mostram qual o seu desafio. a doença é uma forma de auto-conhecimento.
vivemos sedados, levados pelos modos emocionais e físicos automatizados que dificultam a percepção. vivemos repreendidos por modelos e condicionamentos que nos iludem, nos fazendo acreditar que para sermos amados, produtivos, desejáveis temos que estar dentro deste e daquele padrão. quando adormecemos a ponto de compromoter a nossa evolução surge a doença, como um mestre, que nos orienta o despertar e a expansão da consciência. o corpo físico adoece pra avisar que o corpo não-visível está sendo mal utilizado.
uma doença é uma trama de sintomas que representa o que não está em harmonia na alma do paciente. sob esta ótica, todos os sintomas são psicossomáticos, desde uma gripe a um câncer. espelham o que não pode ser entendido por outra linguagem...
quando nos debatemos para nos encaixar nos modelos e padrões exigidos no mundo sem força o suficiente para nos libertar deles lá no fundo, bem dentro de nós, vem aquela sensação de raiva, medo ou culpa. estagnamos nesse momento e essa acomodação gera toxinas que nos dificultam pensar e discernir. a cabeça fica confusa. vem uma sensação de cansaço e falta de vitalidade. vem a frustração, a depressão, o choro, o mau humor, a ansiedade. cada um reage a seu modo. uns aceleram incessantemente em suas ações diárias, não permitindo perceber mais seus sentimentos. outros empacam, fragilizados, na busca por outras fontes de nutrição. mas igual, sedam-se cada vez mais, afastando-se da verdadeira origem desse ciclo venenoso. não há amor nesse percurso, vocês percebem? só há venenos: raiva, medo, culpa... as formas de compensação que buscamos são drogas usadas como ópio para sedar a dor, o vazio e a subnutrição da alma.
tem um livro, que se tornou um dos meus de cabeceira, chamado "a doença como caminho" que resume a manifestação dos sintomas em 7 níveis que vão se agravando conforme a nossa resistência em observá-los e corrigir o problema na fonte:
1- expressão psíquica [idéias, desejos, fantasias]; - não dar vazão às manifestações do Ser acaba em doença!
2- distúrbios funcionais; - seria até aqui o nível ideal de cura!
3- distúrbios físicos agudos [inflamações, ferimentos, pequenos acidentes];
4- distúrbios crônicos;
5- processos incuráveis, modificações de órgãos [câncer, diabetes, aids];
6- morte [por doença ou acidente];
7- deformações congênitas e perturbações de nascença [karma].
não é a toa que esse tempo, essa era na qual vivemos tem mais do que nunca a missão de nos chamar para o amor. adormecidos, endurecidos, tontos, completamente cegos, seguimos cada vez mais nos distanciando dele, chegando ao ponto de sermos bombardeados por misérias imensuráveis, loucuras indescritíveis e pela epidemia mundial da doença do amor, ou da aids, como é mais conhecida... mas o ser humano é perfeito em sua esssência. somos perfeitos em essência, na alma. precisamos despertar pra isso, pro amor. a alma é amor e o caminho da saúde é o caminho do entendimento da alma, ou seja, o caminho do entendimento do amor.
que todos os seres, de todos os mundos possam ser felizes!!

27.7.09

viver é questão de atitude

diga para si mesmo que é muito, muito mais capaz de esforços e explorações do que imagina. mas, sobretudo, ponha-se a caminho de superá-los. é preciso pôr-se a caminho, assumir os riscos e não ter medo, ainda que você imagine que isso será um pouco difícil.
você tem a capacidade de escapar da lei mecânica da repetição, com as mesmas causas produzindo os mesmos efeitos. mas é preciso que você compreenda que não apenas, pelo menos no começo, por um esforço interno tal como a vigilância, a adesão ao que é ou a presença de si mesmo, que isso se dará. é também por decisões audaciosas cujos riscos é preciso ousar assumir, sejam eles físicos, emocionais ou financeiros.
tenha uma ambição a medida que você é chamado como homem. não busque sempre o conforto, as pequenas soluções, e sobretudo, tente forçar a primeira barreira dos seus condicionamentos, por decisões que o comprometam e que vão lhe custar algo.
a grandiosidade da vida não é para o covarde, nem para o poltrão, mas sim para os guerreiros...
--
"a existência é um fato. viver é uma arte." sri sri ravi shankar

felicidade

ninguém precisa ser radical a ponto de abdicar de tudo o que tem, mas acredito que para ser feliz é preciso ser alguém que não sofre mais por não ter e está satisfeitíssimo com aquilo que tem. sendo assim, lá vai uma chave da felicidade: a gente pode ser perfeitamente feliz com o que tem. o budismo vai além. diz que a felicidade que depende de algo externo está baseada não só no desejo [ou esperança] de ter esse objeto como no medo de perdê-lo. isto é, ela vem junto com a infelicidade. só a felicidade interna, sem desejo em um objeto externo, pode ser completa.
implica em delimitar territórios, encontrar nossa matilha, ocupar nosso corpo com segurança e orgulho, independente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inato, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.
para usufruir verdadeira e intensamente da felicidade também é preciso escolher. a lista do que realmente pode nos fazer felizes tem de ser bem restrita, bem pensada, pelo simples motivo de que ninguém conseguir preencher todos os itens de uma lista extensa! exigências demais atrapalham e desejos demais também!!
considero a virtude importante. quase ninguém associa mais virtude com o fato de ser feliz. se pergunte: “o que torna uma vida digna de ser vivida?” uma vida feliz só pode ser uma vida com significado e aí a virtude faz sentido. a felicidade é a meta de todas as metas: tudo o que fazemos, no fundo, é para sermos mais felizes.
se acreditarmos tanto na idealização de uma forma fixa de felicidade quanto na tendência de querer adiá-la para um futuro quase inatingível, de verdade, nunca chegaremos lá! portanto, não adiar muito um projeto que nos faça mais felizes, assim como não idealizá-lo em demasia, podem ser boas indicações [e lições] no caminho que conduz à felicidade. você pode ser feliz agora, se quiser, nas suas condições mesmo. ser feliz pode ser tão simples a ponto de nem conseguirmos perceber como...

24.7.09

o por do sol

o que é bom dura pra sempre. e o que é bom é amor. em essência a alma é amor. e a alma é a única coisa que não está sujeita a lei da impermanência. isso merecia aquele abraço, que aproxima os corpos, que alimenta o desejo, que termina em beijo...

22.7.09

apego, aversão e desapego

se os pensamentos não lhe trazem nitidez e clareza então voe para o seu coração.
por alguns dias, depois de um redirecionamento brusco, sem que eu percebesse, me distanciei do meu. meus pensamentos confusos, não me davam o dom das palavras e nem do saber agir. eu tinha ído do apego à aversão!
os dias estavam se passando meio turvos e o caminhar seguia para onde eu não queria ir. tão certo quanto a morte, eu chegaria a um distúrbio de caráter segundo as palavras de Gandhi...
peraí, peraí, peraí! não é esse o meu caminho! tudo depende do que você quer. aonde você quer chegar? com certeza eu não quero levar dois anos processando tudo isso! a resposta que não é fácil de alcançar é, ao mesmo tempo, muito simples, mas não tem que ser pensada e sim sentida!
a questão é que eu sou o que sou. e eu sou o que me permiti construir. e nada do que vier de fora poderá mudar isso. meus atos, baseados nas minhas palavras e nos meus pensamentos [ou sentimentos] não podem ser influenciados por nada que venha de fora, ou então eu não estarei aplicando o conhecimento que obtive e estarei me distanciando do meu coração.
se reconheço um prazer que não vem da pele, é porque ele é muito mais profundo e só pode vir do centro do sentir! é de lá que surge, é lá que mora e é lá que vai continuar existindo.
ainda que o silêncio tente envenenar meus pensamentos não têm o poder de penetrar no coração. no coração tudo está claro e certo. o afeto, o apoio, o carinho, a afeição, a amizade e o amor que ainda brota estão lá, são concretos, são reais. isso nada tem a ver com você, com nada ou ninguém, a não ser com Ele de dentro de mim. nesse momento abro minhas mãos e deixo o balão partir, mas estarei aqui.
talvez isso seja praticar o desapego. e eu, sou o que sou e estou aqui, em paz e no mesmo lugar, só que, de novo, um pouquinho mais acima...
--
com a testa e o nariz colados aos seus, olhos nos olhos, baixo o meu olhar, como fazem os tibetanos. apesar das artemanhas, o que ficou impresso foi mais um momento especial. teacher, gratidão por me conduzir ao x da questão e me lembrar da lei da impermanência. afinal, a vida é yoga!

me calo

q u a n d o n ã o s e i o q u e p e n s a r n a d a p o s s o d i z e r .

16.7.09

envolver ou des+envolver?

a vida é baseada em relações e relacionamentos.
o que apreendemos no dia-a-dia é fruto do que vivenciamos nas nossas relações, seja nas relações familiares, sociais, profissionais, amorosas, sexuais, de que espécie forem. o que nos constrói e o que irá constituir a nossa experência nesse mundo vem do que podemos digerir nas vivências com as pessoas. ainda que seja o resultado de muita especulação mental pessoal, ainda que seja de uma relação que alimentamos conosco mesmos. ainda assim, o que nos constrói advém das relações que mantemos e o que conseguimos entender delas.
existem duas maneiras de você encarar as suas relações: ou você se envolve nelas ou você se desenvolve com elas. ahaaaammmm? não tinham pensado nisso né? pois é, mas é assim...
envolver - en.vol.ver, do lat involvere: enrolar(-se), embrulhar(-se), meter(-se) dentro de invólucro.
desenvolver - desen.vol.ver [des+envolver]: tirar do invólucro, descobrir o que estava envolvido. fazer crescer.
ambas as definições foram extraídas do dicionário michaelis, ou seja, estão ao alcance de qualquer pessoa que saiba ler. mas não basta ter conhecimento da definição para podermos aplicar estes conceitos nos relacionamentos. eu, quando me dei conta, fiquei espantada comigo mesma, pois sempre tive uma enorme facilidade em me envolver nos meus relacionamentos - e uma extrema dificuldade de sair deles - principalmente os íntimos, que são os mais certeiros, pois entram na gente diretamente ao nível do coração e por isso mesmo, se não estamos bastante atentos, tem uma chance brutal de nos ferir muito e profundamente, tanto quanto estivermos envolvidos neles!
os opostos se atraem. eu até que tenho uma definição que explica melhor essa frase tão conhecida, mas deixo para outra oportunidade porque já é outro assunto... a questão é que se atraem. e quando se atraem se envolvem. isso é fato. não há o que mude. é da natureza do homem a atração pelo sexo oposto [hoje em dia vale incluir do mesmo sexo também, ne?] o problema é quando começamos a notar o nosso envolvimento e então, ao invés de olharmos de frente, nos deixamos tomar por ele! daí alguém pode vir me dizer: mas você fica racionalizando e dái não se entrega! ok. talvez não seja totalmente uma mentira, mas de que adiantaria uma entrega às cegas? onde iríamos chegar? é aquela história do barco no rio... o que você quer? onde você quer chegar? não se trata de puxar o freio de mão. isso seria mais ou menos viver mortamente a vida, perdendo um conteúdo valioso que ela oferece. isso seria sim como ter conhecimento do carro que se guia e a estrada que se percorre. não será mais saudável uma entrega consciente? não consigo avaliar até que ponto perder o controle seja premissa para estarmos felizes num relacionamento amoroso, consigo é o contrário!!!
se você escolhe apenas envolver-se, perde o que de melhor a oportunidade do relacionamento íntimo pode dar a você!
o relacionamento em si pode ser observado como uma grande experiência de aprendizado e de investigação pessoal. consequentemente, de crescimento pessoal. e não vejo como o seu próprio crescimento pode não ser saudável pra você! isso é desenvolver-se em um relacionamento. vai lá em cima novamente e lê a definição de des+envolver! faz crescer! tira do invólucro! disso todos nós precisamos! ainda que não tenhamos a coragem de adimitir e nem a sabedoria para encarar de frente. confesso: não é fácil, mas não é impossível, basta você se conhecer que o mundo se revela pra você e todas as possibilidades surgem a sua frente.
e tem mais. quando você escolhe desenvolver-se, por que então é uma escolha, em algum momento você olha de frente o relacionamento que vive e percebe que se envolveu, mas quer sair do envólucro, do casulo, você , então, escolhe desenvolver-se com ele, nesse momento, você cresce. daí pra frente, se o outro não cresce junto, naturalmente você se liberta daquela atração inicial e daquele envolvimento que te cega e consegue romper a zona de conforto e saltar muito a diante, atravessando uma situação delicada de uma forma confortável e grandiosa.
só o conhecimento pode libertar. experimente, daqui pra frente, desenvolver-se com as pessoas!

15.7.09

amor: eros, storgé, philos e agapé

intuitivamente achei que houvesse uma explicação para cada forma de amar. sou geminiana e naturalmente apaixonada, então o amor esteve sempre muito presente na minha vida. observar a maneira como o amor se expressa, ou como as pessoas expressam seu amor [claro, que muitas vezes embolada em alguma situação em particular] me levou a acreditar na existência de mais de um tipo de amor, afinal, não é possível que Jesus Cristo fale há tanto tempo em amor - " ame a seu próximo como a si mesmo", " ame os seus inimigos" - e até hoje não tenhamos conseguido chegar lá! só podemos estar pegando um caminho diferente...
numa das minhas leituras encontrei uma coisa que me chamou a atenção. se você não sabe o que busca, muito provavelmente não tem chance de encontrar, de forma que, talvez seja melhor saber que tipo de amor esteja buscando.
para iniciarmos um entendimento a respeito do amor é preciso que o desdobremos em quatro palavrinhas de origem grega. isso, até onde eu pude entender, é claro!
o novo testamento foi escrito originalemente em grego. para os gregos existem quatro palavras diferentes para descrever amor: eros, storgé, philos e agapé. eros, da qual deriva erótico, significa sentimento baseado em atração sexual e desejo ardente. storgé, que quer dizer afeição, representa o sentimento especialmente que nutrimos pela família e amigos mais próximos, aquela outra família. o fato é que nem eros, nem storgé aparecem no novo testamento. a outra palavra é philos, um sentimento de fraternidade, que aparece quando temos um amor recíproco, um amor condicional, quando você ama por ser amado, quando você retribui quando alguém o faz sentir especial. a última palavrinha é agapé que os gregos empregavam para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento que temos em relação às pessoas, sem que haja uma necessidade de troca.
percebe? não existe em agapé um sentimento e sim um comportamento.
o amor ao qual Jesus se refere é agapé. um comportamento amoroso que devemos ter com as outras pessoas, independente de que elas tenham conosco ou não.
daí, então, leve para a prática diária: quando aquele carinha quiser "aquilo" e falar que te ama, não escute amor, e sim eros e poupe-se da ilusão! quando seu chefe te encher os pacová pratique agapé com ele e livre-se de uma demissão!
depois, quando eu falo que falo grego e por isso ninguém me entende, as pessoas acham que estou brincando...

receitinha do "pão do kirtan"

tô devendo uma fotinha... não sei onde foi parar.

é uma receita adapatada de um dos cursos que fiz com marcos natureba, que aliás está dando um curso de formação em culinária ayurvédica vegetariana na montanha encantada. tem o link para o folder do curso lá embaixo, na seção boas novas.

2 xícaras de farinha integral
2 xícaras de farinha branca
2 xícaras de aveia em flocos
1 xícara de açúcar mascavo
3 colheres de sopa de óleo
2 colheres de sopa de fermento biológico
3 colheres de sopa de erva doce
meia colher de sopa de sal
200ml de leite de coco
200ml de água morna [40º]

misture os ingredientes secos e adicione o óleo. aos poucos vá adicionando o leite de coco e a água, verificando a consistência da massa. sove vigorosamente a massa polvilhando farinha para que grude menos nas mãos. a massa deve ficar estável e macia. deixe descansar até que dobre de tamanho. após o tempo sove novamente a massa e separe em 3 ou 4 partes. coloque em forma apropriada ou em tabuleiro untado e deixe descansar novamente por uns 40min. pré-aqueça o forno e asse em fogo médio até que dourem.

espero que o de vocês fique ótimo. o meu já tá saindo do forno...
apreciem com moderação. fermento fresco engoooordaaa...

13.7.09

[im]possibilidades

o barco segue pelo rio e não há remo, nem motor, nem vela, nem nada que guie o barco. o barco flui no rio... se o barco para em uma das margens? se o barco cai numa corredeira? se o barco chega a uma bifurcação? se o barco encalha em um banco de areia? se ele descobre um lugar paradisíaco? se não há domínio da situação então há inúmeras [im]possibilidades. se há domínio a natureza não segue seu livre curso...
o que é o barco? o que é o rio? quem é você? aonde você quer chegar?
e eu estou aqui no mesmo lugar, só que um pouquinho mais acima...

12.7.09

a fisiologia do silêncio


eu não domino o silêncio e nem o silenciar. leio muito a seu respeito, tenho algumas experiências, mas longe de mim achar que tenho propriedade sobre o assunto. mesmo assim vou me arriscar aqui. afinal é um espaço de troca e não uma via de mão única. o que sei é que não é o silêncio apenas a ausência de som, de ruído e de palavras...
demorei muito anos me trabalhando pra conseguir escutar mais e falar menos. o meu forte é a comunicação. preciso falar pra ir organizando meus pensamentos e somando outras opiniões a eles. falar me ajuda a concluir o processo complexo do entendimento dos sentimentos, dos pensamentos e das sensações. viciei nisso! em falar. sempre tinha brigas oméricas com meu pai por não conseguir escutar uma frase inteira. acho que porque meu pai morreu e então paramos de brigar eu achei que tivesse conseguido escutar mais!!!
tolinha! a vida é assim: quando achamos que chegamos lá, o lá caminha alguns passos adiante e então, estamos ainda na caminhada. achei que tivesse aprendido a escutar.
na minha tentativa, ainda não bem sucedida, pelo visto, eu, num esforço descomunal me abro os ouvidos - e o coração. a contra-partida não se manifesta. o som não chega, as palavras não são ditas e a cena congela. e não é nem pra rir e nem para chorar. é apenas mais um aprendizado!
o silêncio é afiado! intocável, desconfortável, indecifrável! de qualquer forma, seja qual for a minha relação com o silêncio, boa ou má, envolvente ou indiferente, volta e meia ele vem, dança na minha frente com uma bunda gorda e feia e parece zombar de mim.
o que veio me dizer desta vez?
algo que até hoje ainda não consegui escutar...
ele [o silêncio] fala? se cala? grita?
me aprova? me repele? tem medo de mim??
eu, que não sei lhe dar ouvidos, me confundo, me desoriento. cega, vou tatenado alguma direção, mas não saio mais do prumo. parte da lição eu já aprendi.
o silêncio é!
mas seja lá o que for não tem mais a força do monstro que eu criei na tempestade de pensamentos que já não me tempesteiam mais.
é o nada. é o tudo. é o grito contido. o sentimento não decifrado. a questão não levantada. a resposta não conhecida, mas não é mais forte do que eu.
[suspiro] ai, ai, ai, então tá! ficamos assim: o dito pelo não dito. o essencial também não pode ser visto pelos olhos...
--
bela, essa é pra você, só pra apimentar suas confusões particulares: "se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos." [oscar wilde]
esse silêncio deve ser o vizinho do que eu falo aqui. o daqui não se parece com esse...

7.7.09

o que não passa, permanece

percebo que deixei algumas emoções resvalarem para a sombra quando certas situações vêm e voltam. mudam os cenários e os personagens, mas o enredo permanece o mesmo, inalterado. recebo as situações de maneiras diversas, como que tentando fazer testes pra verificar a melhor forma de conduzí-las. por vezes, em vão me esforço. parece que as causas e os resultados escapam das minhas mãos, do meu controle. aliás, palavrinha mais difícil essa: controle!
a sensação que dá é que cada vez que a mesma situação reaparece eu revivo a anterior e a anterior e por aí vai. não como o sofrimento que me causaram, mas tentando identificar o aprendizado que ainda não obtive. porque o fato é que ainda não obtive se elas permanecem acontecendo... sabe quando você não consegue colocar um ponto final? é realmente a sensação de que ainda não acabou, não sedimentou, não se restabeleceu.
uma vez li num livro que certas pessoas permanecem em nossas vidas não para que aprendamos a aceitá-las, mas sim para que aprendamos como nos manter longe delas! trago isso para as situações, como a que estou vivenciando agora. são re-produzidas para que aprendamos a nos livrar delas por vez!
a questão é: o que tomar como ensinamento? e depois, naturalmente, ela irá se dissolver!

6.7.09

tente mudar pequenos hábitos

vou dividir isso com vocês.
são meus pensamentos, minhas in-qui-si-ções pessoais.
se eu não estiver ficando louca talvez esteja ficando lúcida...
--
não consigo ficar sem óculos escuros, desde muito cedo. minhas vistas lacrimejam, a visão fica turva e logo vem uma baita de uma dor de cabeça com uma sensação de peso na testa! quem me conhece sabe muito bem disso. eu falo, de brinacadeira, que é por causa dos meus belos olhos azuis, muito sensíveis!
sensíveis de fato meus olhos são, mas já azuis...
ontem estava andando de bicicleta na lagoa com uma amiga e prestava muita atenção nas pessoas que passavam. umas passavam de óculos escuros escuros, outras de óculos escuros mais claros e outras sem óculos. eu estava com os meus, óbvio. mas nem os meus óculos são mais os mesmos!
enquanto andava de bicicleta eu reparava nas pessoas que passavam e percebia que algumas pessoas - que aliás também reparavam em mim quando nos cruzávamos - buscavam o meu olhar, olhavam nos meus olhos. hoje em dia as pessoas podem encontrar os meus olhos e o meu olhar, mas isso nem sempre foi assim.
há tempos atrás meus óculos escuros eram muito escuros, com a lente preta mesmo e todo fechado dos lados, ou seja, ninguém podia saber através dos meus óculos onde os meus olhos estavam e nem o que estavam olhando. ninguém podia encontar o meu olhar, nem saber se eu os encarava de frente ou se eu me esquivava diante deles. e eu, sempre de óculos escuros não querendo mesmo me denunciar e nem deixar ninguém me descobrir...
algumas vezes isso incomodava as pessoas e elas chegavam ao ponto de sugerir, gentilmente, que eu tirasse meus óculos para continuarmos a conversa, querendo falar diretamente com os meus olhos! outras vezes, eu, num súbto acesso de flexibilidade, tirava sem graça os meus óculos, depois de perceber que a outra pessoa os buscava insistentemente e logo ganhava um sorriso, ou um "ah, agora sim está melhor conversar!"
apenas um óculos, um pequeno hábito...
o tempo foi passando - parece a história da bela adormecida, não? - e o mato crescendo ao redor... não, mato não, mas as couraças iam caindo ao meu redor. meus olhos continuavam se incomodando com a claridade - ou com a nitidez? - mas eu fui me abrindo pro mundo e gradativamente as minhas lentes, inclusive as lentes dos meus óculos, foram se tornando cada vez mais claras, com tonalidades mais agradáveis e que até ajudavam a trazer um colorido a mais para o mundo e para o meu olhar sobre ele. hoje, meus óculos escuros são bem mais claros. ainda me protegem, mas agora eu posso permitir que as pessoas vejam os meus olhos, que os encontrem, os encarem e que até conversem com eles. que troquem idéias e confissões entre si. posso me entregar com o meu olhar. permito que percebam se os meus olhos me contradizem e até que se enchem de lágrimas sem que eu me sinta fragilizada por isso. faço questão de retirar os meus óculos, apesar de agora eles entregarem o meu olhar, para ter uma conversa mais próxima, mais honesta e mais aberta.
afinal de contas, reza a lenda, que os olhos são as janelas da alma e eu já não tenho mais motivos para me esconder...

4.7.09

om, om, om!


você percebe que está no caminho certo quando os seus movimentos começam a atrair as oportunidades e as ferramentas que você precisa naquele momento. quando você menos espera a semente que foi plantada tempos atrás floresce, ou o telefone toca e um problema difícil se resolve pela manifestação da ordem do universo. simples assim!
obrigada [ao Cosmos e aos Devas] pela oportunidade maravilhosa que é poder receber as dádivas do caminho certo colhendo os frutos do bem viver!!!

3.7.09

aceitação

aceitar. a-cei-tar. respiro fundo. concentro-me no processo da respiração. iiiiinspiiiiiro profuuuuundo e percebo o ar sendo conduzido até a altura do umbigo. é uma inspiração profunda tanto quanto os ensinamentos que temos para receber da vida. a inspiração é o primeiro contato que você faz com o mundo. enquanto você inspira pode se concentrar em aceitar e receber o que tem por vir.
mas aceitar não é simplesmente sacudir a cabeça fazendo um movimento positivo, é muito, muito mais do que isso! aceitar é permitir que as manifestações se aproximem de você, envolvê-las em amor e deixar que se registrem no seu coração. é um processo grande, imenso, que pode te fazer crescer e se abrir pro mundo e que realmente requer a participação do seu corpo e de você, por inteiros!
aceitar, numa situação, é não fazer o movimento inverso, não arrastar corrente, não se debater. não ir de encontro a algo com uma cavalaria inteira, pronta pra lutar, deixando-se dominar pelo ego e pela emoção. tomada por um rompante de caprichos e ilusões. é poder se dar tempo de perceber, de conhecer e identificar o que existe por detrás da aparência. o que é real e qual é o ensinamento. aceitar numa situação é identificar com o que você está se relacionando, entrando em contato e qual é a chave que tal coisa ou momento estão acionando, fazendo emergir, vir à tona. tomar essas questões no braço, acolhê-las e nutrí-las com o discernimento e a sabedoria que só a consciência do entendimento deste próprio momento poderão lhe proporcionar.
aceitar, numa relação é, por exemplo, compreender o limite do outro, mas não por imposição de regras de boa convivência, mas porque seu coração se abre e você se coloca no lugar da outra pessoa e consegue entendê-la com compaixão. rega com amor. seja o que for. rega com amor e permite que o que for se manifeste e que seja para o bem. se preciso for você rega com amor e com amor permite que siga seu próprio caminho, conduzindo-o, se preciso for, pela compaixão e com amor. se for para que permaneça você rega com amor para que tudo possa se renovar e que o amor possa sempre ser a linha que delimita o seu caminhar. dá as mãos e segue junto, unificado, lado a lado, na mesma trilha e no mesmo trilhar.
e para mim aceitar é isso. pois a vida flui em torno de relacionamento e relação. seja que relacionamento for, com o que ou quem for, seja em que relação você estiver, resta aceitar. aceitar. aceitar.

1.7.09

em meditação

tenho passado dias atípicos. nos meus 31 anos - e se levar em conta as horas não dormidas talvez tenha uns 10 anos a mais - essa é a primeira vez que fico "sem fazer nada". parada não, paralizada pelo meu corpo que resolveu teimosamente, por vontade própria, me por para "descansar"... pois então, nesses últimos dias não tenho ido ao trabalho me recuperando de uma turbulência forte, se eu for adotar a linguagem de um querido.
o que fazer então, quando justamente a proposta, ou imposição [da vida] é que nada se faça?
ficar parada, quero dizer com o corpo parado, na caminha, olhando pro teto, me fez aos poucos ir desacelerando a minha mente e os meus processos mentais. como se a nuvem e a turbulência mentais tivessem se enfraquecido criando um céu claro onde pude concluir coisas maravilhosas e fundamentais para encerrar o ciclo que estou atravessando. foi a oportunidade que eu precisava para realizar que muito da minha agitação mental e falta de foco são reflexos da minha capacidade exaustiva de fazer [e pensar] mil coisas ao mesmo tempo. parece óbvio! aliás pode ter sido sempre uma boa desculpa inconsciente para eu não focar internamente... acabou de cair essa ficha...
hoje fui a terapia, a minha terapia, e me peguei dizendo que eu não tinha feito nada esses dias todos. por outro lado, nunca desatei tanto nó como nos últimos dias!
outro dia, fui surpreendida com o seguinte comentário ao chegar ao trabalho: " você fala da fulana que tem um ritmo frenético, mas e você?! tá sempe correndo de um lado para o outro!" e juro, que eu nem me dava conta! naquela instante ali levei até um susto!
estar parada e "sem fazer nada" me permitiu refletir e concluir sobre questões que me roubavam muita energia há pelo menos dois anos na vida! a oportunidade de meditação, mesmo que forçada, agora talvez - e eu estou torcendo para que se confirme - me dê a capacidade de focar no resto.
essa pausa provocada pelo meu "teimoso" corpo foi na verdade um grito desesperado da minha mente que precisava concentrar a sua energia - foco - pra digerir algumas questões. agora sinto-me como se a ventania tivesse cessado nos meus pensamentos. como se houvesse uma quietude, um silêncio maior aqui dentro. sinto uma sensação de paz que, esperançosamente, espero que dure...