29.6.09

as 5 camadas do ser: os eus e as mentes

gostem ou não, funcionamos em camadas - como as cebolas!
a mente é o mecanismo mais complexo que o ser humano possui e para mim objeto de enorme atração. compreender o funcionamento da mente pode nos levar a transpor certos padrões errados que adotamos, mas nos atermos fixamente a isso certamente nos levará a loucura...
por trás de qualquer movimento, ou seja, por trás dos pranas, a mente permeia todos os aspectos do ser. do exterior para o interior do nosso corpo, a consciência vai fluindo da forma mais grosseira para a mais sutil, correspondendo aos 5 elementos.
o ego, ahamkara em sanscrito, ou o Eu inferior é representado pelo elemento mais grosseiro de todos, a terra, sendo também a manifestção mais grosseira - e desculpem o trocadilho, mais estúpida! - da mente. é responsável pela nossa sensação de imcompletude e infelicidade. nos identifica com determinado corpo, ou seja, com a forma, além de prender-nos às noções de tempo e espaço. mas, é também a camada da mente que cumpre a função de nos conferir a identidade necessária para a expressão da nossa própria existência.
a mente dos pensamentos comuns, das sensações e emoções, manas ou mente exterior é representada pela água e nos confere a habilidade de estarmos sempre fluindo para fora, entrando em contato com o mundo. responsável pela capacidade de reunir impressões sensoriais possibillitando sua apreensão e acúmulo em nós mesmos. [ah, e é ela que dificulta o êxito na meditação!!]
a inteligência, buddhi, ou mente intermediária é representada pelo fogo, agni. a inteligência é o agni mental onde conseguimos processar os conceitos de verdadeiro ou falso, real ou irreal, bom ou mau. ou pelo menos deveríamos! é também a luz da razão que nos dá a capacidade de pesar, medir e avaliar. a inteligência pode ser subdividida em intelecto ou inteligência verdadeira. o intelcto funciona sob o comando do ego, da emoção e dos sentidos. nos confere uma visão materialista da vida e nos faz buscar satisfação nos objetos externos. a inteligência verdadeira transcende a tudo isso, indo além dos sentidos e das aparências, nos revelando a verdadeira natureza das coisas.
o coração ou mente interior, chitta, é representada pelo ar e a camada por onde fluem os pensamentos e sentimentos profundos. por meio do ar nos movemos, agimos e funcionamos como seres conscientes. apesar de ser uma consciência mais profunda ainda é uma consciência condicionada constituindo os hábitos espontâneos e automáticos em nós. tem uma grande capacidade de mudar, reagir e se transformar. no nosso coração é onde moram nossas motivações, vontades e desejos máximos, o que de fato queremos da vida. [pelamordeDeus, que possamos acessar nossos corações!!!]
a camada mais profunda e mais sutil de todas é representada pelo elemento éter. é o Eu Superior, a alma ou Atman. nos confere uma consciência não condicionada, intemporal e infinita. proporciona a satisfação em seu valor interior e a paz em sua própria identidade. é formado por outros 3 elementos Sat-Cit-Ananda, ou seja, Eterno-Pleno de conhecimento-Pleno de felicidade, sendo, portanto, parte do todo, ou do Eu Supremo, Brahman.
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"nossa consciência mais profunda é o nível em que os traumas nos afetam mais e onde eles se depositam no mais fundo de nós, sobretudo os sofrimentos do nascimento e da morte. lá conservamos nossas tristezas, nossos apegos, medos e angústias mais profundos. temos de chegar a esse nível para eliminar mágoas, hábitos e vícios profundamente arraigados. isso é muito difícil, porque chegar ao âmago da consciência requer desbastar as camadas da mente, que são numerosas e complexas." david frawley
om tat sat!

28.6.09

onde há medo não há amor

o medo e o amor não podem habitar o mesmo coração...
o coração que dá lugar ao medo endurece, esfria, resseca. bate até, mas bate cansado, sem vida, sem vontade. arrasta corrente e não encontra paz. não se entrega. não dorme. não sonha. não vive. permance apenas. permanece duro, frio e ressecado. não enxerga a vida. fecha-se no escuro, só, triste. tomado por um monstro que nem ele próprio consegue descrever.
chora, se contrai e adormece.
o sol se levanta um dia. o sol se levanta todo dia, aliás, mas em um dia especial o sol se levanta e aquece esse coração - feito - de medo.
nesse dia cai uma semente de esperança. brota uma vida e uma flor começa a aparecer. o medo se afasta, no começo, por pouco tempo. daí, sorrateiro, ele volta, mas só pela presença da flor ele já se sente menos a vontade, meio sem lugar para ficar.
a flor cresce a cada dia e crescem outras ao seu redor. vem um abelha e ronda a flor mais bela. inicia-se uma relação de troca e de amor. o medo desconfia, já bastante incomodado, que não pode mais ficar.
cai o orvalho e com ele toda espécie de vida vibra nesse coração. ele se infla, amacia, acelera, se enobrece e desperta, enfim. se umedece, esquenta, se sente em plena forma. vivo, sonha, se entrega e bate certeiro, vitalizado, sem mais se cansar.
o medo se encolhe, se contorce, se enfraquece e some, correndo. ele sai e não tem mais como voltar.

18.6.09

lá dentro . aqui fora

dois mundos. duas realidades. dois viveres...
a tentativa sincera e necessária de unificação não pode fracassar. dessa união depende todo o sucesso da existência. dói entender que aqui fora as realidades são bastante diferentes. são feias? talvez. mais duras? com certeza.
lá dentro, no mundo onde predominam o ar e o éter tudo tem cor de muitas cores e cheiros de muitas flores. a brisa corre suave e atravessa o meio dia e percorre a madruga a dentro. passa suave também pelo rosto e faz feliz quem consegue perceber sua presença. real? acredito que sim. todas as idéias fazem sentido e todas as pessoas transpiram amor e verdade. os caminhos são sincrônicos e as manifestações do Sagrado podem ocorrer como milagres que se multiplicam bem diante dos seus olhos... é lindo! lindo! lindo! vocês deveriam poder ver.
lá dentro, onde predominam o ar e o éter não há lugar vazio. apesar do próprio éter não há vazio, não há solidão. é estranho até. lá dentro também permeia o universo de água... o universo que dá a base para os sentimentos mais bonitos que para muitos é inexplorado. uma pena! deveria ser regra básica de vivência pelo menos "uma" passagem por esse mundo.
já eu, não consigo sair de lá. lá de dentro.
e a tentetiva sincera e necessária - pra não dizer urgente também - não pode fracassar...
aqui fora nem preciso explicar. todos conhecem. estar aqui, estar aqui na matéria, no tempo...
recebo e aceito.

17.6.09

amigo

amigos são para sempre. amigos de verdade são uma transgressão dos seus próprios limites. eles deixam você feliz, os fazem sentir-se especiais e de fato estão ao seu lado em qualquer situação. amigos são a sua família espiritual, extensão da sua natureza, uma simbioze que te nutre e te inspira. amigos são para a vida toda e até para outras vidas.
é com os amigos que descobrimos as nossas durezas e as nossas fraquezas. eles têm sempre uma instrução e um aprendizado para te passar. são seres queridos que estão no mundo para te dar acalanto e um amor que é um dos mais puros sentimentos que pode existir.
não troco estar com os amigos por nada. filhos são maravilhosos, mas a rotina é muito unilateral. quando as coisas não vão bem só um amigo de verdade é capaz de te fazer dar risadas e te fazer até fazer piada da sua própria crise. quando as coisas estão ótimas é com os amigos que você quer estar... um amigo vai te estender a mão e abrir um sorriso iluminado, te colocar no colo ou te instruir da melhor maneira que ele puder. vai te dar os conselhos que daria a si mesmo quando precisasse. amizade é tesouro guardado no fundo do coração.

7.6.09

sombra

me interesso pelos mistérios, pelo que está encoberto e no escuro. no canto, escondido atrás do aparente. me interesso pelos mistérios que ninguén consegue enxergar. é mais denso, mais profundo do que o que é aparente e é isso o que me interessa. foi assim que consegui amar e me apaixonar diversas vezes pelo maior maluco que já conheci. não amei o que todos viam. amei o que estava escondido, e por isso que eu sempre escutava: o que foi que você viu nele? ninguém via e ninguém entendia. mas eu só consigo verbalizar isso agora, muitos anos depois.
esse é um gosto meu. uma busca minha. um interesse particular. chegar no fundo. a busca pelo que está escondido, pelo que está na sombra. pelo que não conseguimos revelar a qualquer um.
o que está na sombra - no não revelado - é o que temos de mais precioso, é onde está nosso pote de ouro, o nosso tesouro. o que me faz ir atrás do tesouro do outro? o que dispara em mim o primeiro movimento de ir em busca desse pote de ouro? não poderia eu me conformar com o básico, com a superfície??
para lhe darmos com o tesouro escondido do outro é preciso muita cautela, muito jeito, muito amor e muito equilíbrio e consciência, mas fundamentalmente muito, mas muito amor. amor por você e amor pelo outro. ninguém revela gratuitamente o seu tesouso, ainda mais quando este tesouro vem mascarado de algo que não é tão rico assim. assim é a nossa sombra. assim é o não revelado. a nossa sombra é o que não queremos encarar, é o que não queremos esclarecer, é muitas vezes o que não sabemos nem que existe e muito menos como lhe dar.
pra outra pessoa, aquela que se revela, aquela que se entrega é necessário um desprendimento, uma compreensão do limite entre o que está fora e o que está dentro e um convite para entrar.
esse convite é o que busco agora... um convite para entrar onde ainda não foi mexido, não foi tocado. um convite para entrar bem dentro do seu Ser. me permite?