28.4.10

benke

Beija-flor me chamou: olha
Lua branca chegou: na hora
O beija-mar me deu prova
Uma estrela bem nova
Na luminária da mata
Força que vem e renova

Beija-flor de amor me leva
Como o vento levou a folha
Minha mamãe soberana
Minha floresta de jóia
Tu que dás brilho na sombra
Brilhas também lá na praia

Beija-flor me mandou embora
Trabalhar e abrir os olhos
Estrela d'água que molha
Tudo o que ama e chora
Some na curva do rio
Tudo é dentro e fora

Minha floresta de jóia
Tem a água, tem a água
Tem aquela imensidão
Tem a sombra da floresta
Tem a luz do coração

27.4.10

kamala . a flor de lótus que desabrocha

kamala quer dizer a flor do lótus que desabrocha. o lótus é uma flor sagrada para a cultura hindu. é também um dos nomes da deusa laksmi. em sânscrito Kamala significa lótus e, como a flor que tem sua raiz na lama, Kamala lembra que a beleza da alma emerge do corpo físico grosseiro e nos suporta na elevação da alma través de nosso espírito e nossas metas mundanas. vem da raiz kama, que quer dizer amor sensual, do qual, através da busca pelo amor universal, podemos experimentar a união com o Supremo.
óbvio que não tenho essa pretensão toda, mas foi o meu mestre que me enviou o nome e eu, é claro, adotei! desde então, fiz dele uma espécie de mantra e frase de poder. mas, na verdade, na verdade mesmo, se eu tiver que ser bem honesta, com a trajetória da minha trilha sagrada, nos últimos anos, tenho que confessar que me sinto florescida!!! recebi esse nome num ponto muito importante da minha jornada e ele me trouxe e me traz a lembrança constante dos seres espirituais que somos. posso dizer que dei uma guinada e durante a escalada que fiz em 8 anos saí das trevas para a luz!
kamala manifestou-se nesta transição de amor e glória.
da época das trevas guardo muitas recordações e apesar de todo o sofrimento, nenhuma mágoa e muita gratidão. não tendo sido contemplada anos atrás pela escola do amor, fiz minha trajetória sobre as ondas da dor e da separação. não me considero masoquista. não gosto de sofrer, mas não posso reclamar de nada que aconteceu. me considero renascida, e como tal, precisei morrer. a morte, aliás, é o portal para uma nova experiência, em uma nova dimensão, seja ela física ou sutil, como foi a minha. acho que o que me dá, hoje em dia a confiança na vida é justamente ter experimentado na minha própria carne [and soul] que nada é ruim. nada é ruim. e que a dor, quando estamos dispostos, é o portal para a felicidade e para a paz interior.
às vezes olho para trás com um certo pesar sim. nada que pese muito. mas uma sensação de que assim como parte de mim [a irreal] deixei para trás também pessoas que a princípio, queria que ainda estivessem a meu lado [ilusão também]. o ciclo das amizades foi renovado e se renovando e da mesma forma, todos os tipos de relações. mas, de certa forma, isso também me traz sabedoria e me fortalece, pois me dá a sensação de estar verdadeiramente integrada ao cosmos. e quando ele gira, giro junto com ele!
isso é a vida. e essa é a dança e toda a magia da entrega e da aceitação.
neste momento agora, se eu fosse reiniciar este post, poderia até dizer que tenho sim esta pretensão: de desabrochar e emergir do corpo físico rumo a elevação da alma através da espiritualidade!!!

floresSendo

naturalmente integrada,

como as flores

contemplando a natureza!
::obrigada ao universo por me proporcionar a possibilidade e a coragem de buscar no desconhecido o que nem eu sabia o que era.
dedico esta vitória a uma amiga amada e guerreira, que tem uma jornada cósmica como a minha para trilhar, de lá, do outro lado do planeta.::
amiga, que os devas estejam a seu lado neste momento. eu sempre estarei. te amo!

20.4.10

descascando o ego

depois que consegui me esvaziar, nesse primeiro mês de busca, a minha cabeça foi aos poucos voltando para o lugar. posso lembrar de uma sensação completamente nova pra mim que começou a atravessar comigo os dias... aliás, os dias, aos poucos se tornavam lindos dias! o céu brilhava um azul intenso sulista e a mata sempre tinha um ar geladinho. aos poucos uma nova rotina foi preenchendo o éter na minha jornada e comecei a interagir mais com o lugar. algumas pessoas começavam a atravessar por onde eu ia, mas não perdi mais de vista o propósito da minha imersão: eu queria experimentar novas experiências e dissolver velhos padrões!
para o meu lado racional não ter um pirepaque, quando larguei tudo no rio, tive que invetar algumas mentiras pra mim mesma. me fiz acreditar que eu estava saindo a procura de novas oportunidades de trabalho, mais alinhadas aos valores novos que eu aprendia a cultivar. queria colocar a ayurveda e a yoga em prática, fazer novos cursos. estudar permacultura e bio-construção, achar um lugar para morar, dar uma terra para o meu filho e parar de sobreviver. coisas mais materiais... mas depois de um mês de imersão tudo tinha se dissolvido e estava claro como o dia que nada disso era o propósito verdadeiro.
pensar, pensar, pensar... fiz isso por um mês inteiro, sozinha. quanto mais eu refletia sobre o que tinha acontecido, sobre o porque de eu ter ido parar ali, tão distante de tudo, o que eu realmente estava buscando, mais eu tinha a certeza de que era preciso se perder completamente para se encontrar. e me dava esse espaço.
não perdi mais de vista a intenção de não julgar e toda a manhã incluía nas minhas orações esse propósito interior. uma forma de não cometermos injustiça é de não emitirmos julgamentos a respeito de fatos, idéias ou pessoas. e quanto mais eu pensava sobre isso, mais eu tinha para pensar e refletir a respeito...
na viagem para dentro de mim pude sentir que sou um universo infinito e único e que cada aspecto da minha vida podia ser desdobrado mil vezes e em mil possibilidades. isso me fez perceber que qualquer um é assim, sendo portanto uma pretenção [ego] sem tamanho imaginar que algum dia você vai conhecer a pessoa que dorme há anos ao seu lado, o que dirá quem dorme apenas há alguns meses! foi bastante reconfortante sentir as coisas desta forma naquele momento, mas se eu desdobrava também esta informação ficava com a impressão de vivermos com pessoas totalmente desconhecidas e estranhas, partindo do princípio, que na sociedade atual as relações são frágeis, superficiais e sem raízes...

desta forma, assustei-me ao me dar conta que relacionar-se a dois, por exemplo, pode se tornar uma peça com quatro personagens ilusórios: quem você pensa que você é, quem você pensa que o outro é, quem o outro pensa que é e quem o outro pensa que você é... somos todos um universo inexplorado, por mais que mergulhemos em nosso interior!
ter ficado tão perdida e tão fraca tinha me proporcionado uma forma de rendição. tinha me feito deixar cair as máscaras [e os personagens] que eu vestia para encobrir as minhas fraquezas e as questões que eu não sabia como lidar.
agora me parecia que eu estava pronta pra voltar ao mundo. esvaziada. desconstruída. e fortalecida. alinhada com o meu propósito interior.

19.4.10

imersão

no final de dezembro passado me retirei para um lugar desconhecido e sem referências pra mim. não pensei muito antes de escolher o lugar, a única coisa que me importava era o desconhecido e a possibilidade de estar quieta e em silêncio. fui para uma ecovila que ficaria vazia todo o mês de janeiro, num lugar que não dizia nada sobre o meu passado, onde eu não conhecia ninguém e ninguém me conhecia.
pedi demissão do meu emprego, entreguei meu apartamento, coloquei na mala as minhas piores roupas, um caderno em branco e um lápis. nenhum adorno, nenhuma firula. fiz questão de deixar pra trás tudo o que podia me desviar de dentro de mim naquele momento. não pude me livar das lembranças. nem das boas e nem das que eu queria transformar em boas...
eu tinha um mês pra me reerguer, pra identificar e transformar o que não queria mais, o que não era eu. era um mês pra me reprogramar, pra reaprender a viver e a me relacionar comigo e com o mundo de dentro e de fora de mim. queria renascer. durante esse mês eu não faria julgamentos a respeito dos dias que viriam e não faria julgamento dos dias que tinham se passado a pouco. queria me observar.
estava muito ferida, destroçada. tinha sofrido uma perda grande e estava sem clareza nenhuma para entender o que tinha acontecido. estava imersa em profunda confusão e sofrimento. tinha perdido a ilusão da felicidade de viver uma vida que eu não queria mais pra mim, rodeada por pessoas que eu não conseguia me relacionar e com padrões, valores e questões que eu não sabia como lidar... experimentá-las à sorte da vida estava me causando um sofrimento quase mortal! então me retirei não para fugir, mas para enxergar o que encarar de frente. pra me desconstruir. pra me olhar. pra me indentificar. pra me curar.
foi um mês singular. a medida que os dias se passavam eu mergulhava numa viagem interna que me revelava aos poucos que eu tinha deixado muito mais coisa do que podia imaginar. nessa viagem vi meu ego se estribuchar diante dos meus olhos clamando por alguma coisa que pudesse lhe dar segurança e identidade. doeu fundo. doeu forte. não tinha a quem pedir colo e não tinha com quem chorar. eramos só eu e o universo inexplorado de dentro e de fora de mim... e eu mergulhava neles em dias e noites intermináveis.

e, de repente, me peguei tomada por uma sensação de estar nua e sem pele. não reconhecia o real e o irreal. não me reconhecia. não sabia mais nada a meu respeito.

17.4.10

dançar...


mexe o corpo, aguça a mente, transcende os sentidos,
traz encantamento, libera endorfina e você se entrega.
numa meditação em movimento
emerge o poder das profundezas do seu Ser e você se sente flutuar...
se você dança [ou é] por inteiro
cria um campo de atração e envolvimento ao seu redor.
é uma manifestação do poder da Sua Presença.

16.4.10

carta à uma amiga do sul

os dias aqui no rio tem sido bem difíceis... desde que cheguei, há uma semana, vivencio a todo instante uma sensação muito forte de desconexão. a desconexão é tanta que alguns "sintomas" que eu apresentava quando comecei a fazer uso das taaaaais ferramentas adicionais voltaram e minha vontade é de sair correndo daqui. aliás, como fiz em dezembro. mas dessa vez não dá!
como para todo ciclo que se inicia existe um ciclo que se fecha, estou precisando dar conta de muita coisa em um curto espaço de tempo e é claro que as coisas começaram a não dar muito certo... ontem me senti o cocô do cavalo do bandido. primeiro, porque quase caí num golpe de gente desonesta e sem moral. logo em seguida, me atropelei numa situação ridícula e acabei ouvindo, de uma pessoa que nem é próxima a mim, algo que reflete exatamente o que eu tenho de mais sério pra transmutar na minha vida!!!

poderia não ter batido nada em mim, mas é como aquela história de te chamarem de girafa... se alguém te chamar de girafa você vai perder algum minuto da sua vida pensando se você é ou não é uma girafa? ou vai ficar tentando convencer a pessoa de que você não é uma girafa?? poizé, se eu tivesse segurança do que é, não teria incomodado tanto..
mas caraca, viu? até um es-tra-nho conseguiu identificar esse padrão em mim e a minha ficha continua só caindo depois do caos instalado!!! e então fiquei arrasada o dia todo e com uma espécie de dor de cotuvelo!!! pra fechar, um pouco mais tarde escutei uma pessoa que considero muito sábia e que me conhece muito bem, falar sobre o "óbvio ululante" que eu nem estou conseguindo suprir neste momento...
nham, nham, nham, estou enfrentando um período de grandes mudanças! por isso tudo parece tão confuso: dar conta de todos os meus "processos", dar conta de dar as coordenadas das mudanças físicas... e, num duelo contra o tempo, percebo que tenho que diminuir o ritmo pra fazer as coisas "certas".
ainda bem que uma fada me contou que um economista muito esperto declarou, há tempos atrás, que UMA CRISE É UMA SITUAÇÃO BOA DEMAIS PARA SER DESPERDIÇADA: tem muito aprendizado!
tenho que praticar a minha paciência e respeitar os meus limites. é preciso calma, determinação e perseverança!!! ter claro onde se quer chegar! enfim, tudo isso para eu constatar que: o que causa angústia é não conseguir nomear o que é. o tempo já é por si só uma baita ilusão e se não o usamos a nosso favor, então a vida é sobrevivência!!!
agora, esclarecendo pra você [e pra mim] os meus limites, já me sinto até aliviada, como se tivesse me livrado de uma pistola apontada pra minha cabeça. e o pior de tudo, que eu mesma tinha colocado ali... agora sinto-me novamente entrando em fluxo e vejo as flores por onde caminho. então, [suspiro] deixo que a vida caminhe com suas próprias pernas.
sigo decidida, mas com calma. permito que se manifeste o espaço mágico onde a vida acontece como tem que acontecer. [saio do controle!] tenho outra vez a certeza de que tudo está no melhor lugar que poderia estar e que o mais importante é o agora. estarmos bem no momento presente é o propósito primário da vida, pois não temos a opção de sermos felizes em outro tempo... fico aqui.
amor, luz, paz e encantamento. tempo lindo e com flores!
um abraço bem apertado no colo de iemanjá.
espiritualmente presente,
kamala

12.4.10

maia

não existe nem bem nem mal
nem bom nem mau
o que não é simplesmente se dissolve
às vezes o tempo é uma ilusão curadora....

9.4.10

retrospectando


vou retomar as postagens voltando um pouco no tempo. voltando à atmosfera que me envolvia quando fiz meu último post...
inspiro profundamente no momento presente, fixo minhas bases aqui. ancoro minha energia no que estou desenvolvendo agora, mas fecho meus olhos em silêncio e faço um mergulho rumo a meu interior. vou lá dentro. visualizo meu corpo voltando comigo nessa busca. agora sinto. meu coração vem comigo nessa viagem. agora posso sentir como as coisas estavam no começo de dezembro de 2009. lembro-me agora. apesar de estar aparentemente feliz alguma coisa soava desconfortável em minha natureza...
vejo meu namorado e eu apaixonados, estava finalizando o curso de formação em ayurveda que eu tanto desejava, meu filho estava na escola que eu sempre sonhei, meu emprego era seguro e bem remunerado, saía quase toda quinta-feira com algumas amigas para dançar, nos finais de semana ia com frequência à lindas cachoeiras e curtia a reenergização e o romance que este cenário propcia. "tudo estava bem!!!".
em momentos de uma certa melancolia falava de coisas que não identificava facilmente: eram sensações, eram inquietações, eram sentimentos quase materializados em nós de energia pelo meu corpo e sufocados pela rotina massante com que “normalmente” atravessava os dias.
lembro-me da sensação em relação a rotina: estava "normalmente" puxada. sentia-me angustiada pela necessidade do cumprimento de múltiplas funções importantíssimas. havia uma impotência em dar conta de todas bem e ao mesmo tempo. desdobrava-me entre o filho, as amigas, o namorado, as irmãs, a camila, a kamala e as outras 10 funções mais que as imprudências e inconsciências da vida me obrigaram a acumular.
meus limites eram cada vez mais elásticos e não paravam de se esticar: não dormia mais na hora que eu gostava tentando arrumar tempo pra ser mulher e acordava na hora que eu não queria para tentar dar conta de ser mãe. passava as noites em claro para escutar a kamala, enquanto a camila sobrevivia agonizando silenciosamente 8 horas por dia dentro de um quadrado branco com uma tela de computador, zumbizava nas horas que sobravam e o que sobrava de mim tentando cumprir com o que ainda pendia... e "normalmente" a vida ia passando... e "normalmente" a vida se estrangulava...
aparentemente me recuperava de um processo de aceitação profunda e intensa de ferramentas novas que precisei fazer uso pra conservar a saúde e a felicidade!! e profundamente me recuperava da morte da forma que um movimento interno dessa dimensão pode acarretar, sem ter a consciência clara e tampouco a gratidão justa de que isso seria primordial e muito para que a essência pudesse vir à tona!!
apesar de todo esse drama retratado sentia-me feliz e apaixonada. apaixonada por mim, pela natureza, pela imensidão do universo e, principalmente, pela vaquinha que tinha chegado a poucos meses, o que me dava uma satisfação superficial - falsa felicidade - e encobria ainda mais a tal melancolia que surgia de vez em sempre!!!
a incapacidade de compreensão da magnitude da vida, ou seja, a percepção fragmentada e, portanto, formatada e egóica que temos do TODO, não permitiu que fosse percebido, na época, que havia melancolia e que havia algo que encobria a tal melancolia. mas ela estava lá e estava tornando-se mais presente a cada dia...
a vaquinha, que me fazia acreditar ainda mais na falsa felicidade, foi para o precipício e foi o pivô de tudo - de todas as mudanças. mas só percebi faz pouco, tanto que havia uma vaquinha quanto que ela foi para o precipício!
vocês conhecem a história da vaquinha, não é? se não conhecem deveriam conhecer e tentar identificar quem ou o quê é a vaquinha na história [que você mesmo escreve] da sua vida... eu não tive coragem de jogar a minha vaquinha conscientemente no precipício, mas inconscientemente fiz isso e foi nesse mesmo momento que puxei o freio de mão do blog [e da vida!].