são meus pensamentos, minhas in-qui-si-ções pessoais.
se eu não estiver ficando louca talvez esteja ficando lúcida...
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não consigo ficar sem óculos escuros, desde muito cedo. minhas vistas lacrimejam, a visão fica turva e logo vem uma baita de uma dor de cabeça com uma sensação de peso na testa! quem me conhece sabe muito bem disso. eu falo, de brinacadeira, que é por causa dos meus belos olhos azuis, muito sensíveis!
sensíveis de fato meus olhos são, mas já azuis...
ontem estava andando de bicicleta na lagoa com uma amiga e prestava muita atenção nas pessoas que passavam. umas passavam de óculos escuros escuros, outras de óculos escuros mais claros e outras sem óculos. eu estava com os meus, óbvio. mas nem os meus óculos são mais os mesmos!
enquanto andava de bicicleta eu reparava nas pessoas que passavam e percebia que algumas pessoas - que aliás também reparavam em mim quando nos cruzávamos - buscavam o meu olhar, olhavam nos meus olhos. hoje em dia as pessoas podem encontrar os meus olhos e o meu olhar, mas isso nem sempre foi assim.
há tempos atrás meus óculos escuros eram muito escuros, com a lente preta mesmo e todo fechado dos lados, ou seja, ninguém podia saber através dos meus óculos onde os meus olhos estavam e nem o que estavam olhando. ninguém podia encontar o meu olhar, nem saber se eu os encarava de frente ou se eu me esquivava diante deles. e eu, sempre de óculos escuros não querendo mesmo me denunciar e nem deixar ninguém me descobrir...
algumas vezes isso incomodava as pessoas e elas chegavam ao ponto de sugerir, gentilmente, que eu tirasse meus óculos para continuarmos a conversa, querendo falar diretamente com os meus olhos! outras vezes, eu, num súbto acesso de flexibilidade, tirava sem graça os meus óculos, depois de perceber que a outra pessoa os buscava insistentemente e logo ganhava um sorriso, ou um "ah, agora sim está melhor conversar!"
apenas um óculos, um pequeno hábito...
o tempo foi passando - parece a história da bela adormecida, não? - e o mato crescendo ao redor... não, mato não, mas as couraças iam caindo ao meu redor. meus olhos continuavam se incomodando com a claridade - ou com a nitidez? - mas eu fui me abrindo pro mundo e gradativamente as minhas lentes, inclusive as lentes dos meus óculos, foram se tornando cada vez mais claras, com tonalidades mais agradáveis e que até ajudavam a trazer um colorido a mais para o mundo e para o meu olhar sobre ele. hoje, meus óculos escuros são bem mais claros. ainda me protegem, mas agora eu posso permitir que as pessoas vejam os meus olhos, que os encontrem, os encarem e que até conversem com eles. que troquem idéias e confissões entre si. posso me entregar com o meu olhar. permito que percebam se os meus olhos me contradizem e até que se enchem de lágrimas sem que eu me sinta fragilizada por isso. faço questão de retirar os meus óculos, apesar de agora eles entregarem o meu olhar, para ter uma conversa mais próxima, mais honesta e mais aberta.
afinal de contas, reza a lenda, que os olhos são as janelas da alma e eu já não tenho mais motivos para me esconder...
Oi, Camila.
ResponderExcluirGostei muito desse post.
Parabéns pelo trabalho de divulgação de pequenos fatos vivenciados que fazem com que nos identifiquemos e nos permitem enxergar um pouco além.
Bjs da amiga,
Elaine.
Oi Mila, esse post me lembrou o mito da caverna(o mundo das aparências em que vivemos). Em que seus moradores acreditavam que aquele universo fosse toda a realidade existente.Um dos prisioneiros ao deixá-la em busca da verdade (auto-conhecimento) no primeiro instante fica totalmente cego pela luminosidade do Sol(que é a luz da verdade), com o qual seus olhos não estavam acostumados. Ele pensa em retornar à caverna, mas resolve permanecer lá fora e enxergar o mundo como é de verdade.
ResponderExcluirAdorei o seu post, e me trouxe a mente este mito. O blog está ótimo!
Bjs da irmã caçula,
Mari
Oi Mila,este post me lembrou o Mito da Caverna(o mundo das aparências em q vivemos).Em q seus moradores acreditavam q aquela era toda realidade existente.Um deles resolve deixá-la em busca da verdade(auto-conhecimento).No primeiro instante fica totalmente cego pela luminosidade do sol(q é a luz da verdade),ele pensa em retornar à caverna por sentir tamanho desconforto,mas insiste em permanecer lá fora e enxergar o mundo como é d fato. Seu post me fez refletir sobre isso. O blog tá ótimo!Bjs da irmã caçula.
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